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Lei seca não pega nas 5 capitais campeãs de mortes no trânsito
Macapá e Palmas não têm bafômetros nem blitze; problema se reflete nos índices de acidentes, que se mantiveram após a lei
Elas têm taxas de mortalidade semelhantes às de cidades africanas, consideradas alarmantes pela Organização Mundial da Saúde
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A lei seca ainda não pegou
nas cinco capitais brasileiras
campeãs nas taxas de mortalidade no trânsito. Em duas delas, não há bafômetros. Nas outras, as blitze, quando ocorrem,
são tímidas. O problema se reflete nos índices de acidentes
após a lei, que se mantiveram
-ou até aumentaram- na
maior parte dos casos.
"A fiscalização é fundamental. O simples fato de ter uma lei
não vai enquadrar as pessoas",
diz o professor da USP Jaime
Waisman, especialista em
transporte urbano.
Porto Velho (RO), Macapá
(AP), Palmas (TO), Cuiabá
(MT) e Campo Grande (MS) registraram, em 2006, de 26 a 29
mortos no trânsito a cada 100
mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde. São índices
próximos aos das cidades africanas, que em 2004 tiveram
média de 28,3 mortos -considerada alarmante pela Organização Mundial da Saúde.
Na semana passada, o ministério informou que caíram em
24% as operações de resgate no
país nos primeiros 20 dias após
a nova lei, que entrou em vigor
em 20 de junho. Foram levados
em conta apenas 14 das 144
unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. As
capitais campeãs em mortes
não estão na lista.
Sem bafômetro, a Polícia Militar do Amapá ainda não iniciou operações em Macapá.
Mesmo assim, nas duas primeiras semanas da nova regra, os
acidentes de trânsito chegaram
a cair 32%, de acordo com os
dados da própria PM.
"A coisa desandou"
"Mas aí os motoristas descobriram que ainda estávamos
sem bafômetros, e a coisa desandou. Voltaram a beber e os
acidentes aumentaram 40%",
conta o capitão Jones Silva, da
companhia de trânsito.
Também não há bafômetros
nem blitze em Palmas. O número de acidentes aumentou
levemente em relação ao ano
passado -276 contra 272, entre 20 de junho e 10 de julho.
Em Campo Grande, há apenas um bafômetro -a frota é de
311 mil veículos. A PM diz que
tem feito ações em regiões próximas a bares, mesmo sem o
aparelho -desde o início da lei,
35 pessoas já perderam a carteira e 16 foram presas. Quando
a polícia não tem bafômetro, a
lei permite multar e até prender pela aferição por meio de sinais notórios de embriaguez,
por peritos ou policiais.
Em Porto Velho, há dois bafômetros -que "resolvem", segundo o major Neil Gonzaga.
Os números de multas (23) e de
acidentes (13,2 por dia) se mantiveram desde o início da lei.
Das cinco, Cuiabá é a que tem
mais bafômetros: três. Mas só
ficaram disponíveis nesta semana. As blitze, diz a PM, começam neste fim de semana.
Em junho, houve 382 acidentes, contra 323 nos primeiros
20 dias de julho.
Colaborou ALENCAR IZIDORO , da Reportagem Local
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