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FELIPE NERES FIGUEIREDO (1924-2008)
Mestre da toada no tambor de crioula
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um tambor ficou mudo no
Maranhão e foi o de mestre
Felipe, pioneiro dos coreiros
que percorriam o Estado a
animar as festas do povo, fosse pagamento de promessa a
são Benedito ou festejos de
são João; fosse no Carnaval
ou no quintal do vizinho -lá
estava o negro pequeno de
óculos e boina tamborilando
as toadas da "tradição genuinamente afro-maranhense".
Em São Luís, Felipe Figueiredo era o "mestre" da
arte há pouco alçada a patrimônio cultural imaterial graças ao esforço de gente como
ele, que aos três já tocava
tambor, introduzido por pais
e avós na brincadeira inventada por escravos e que hoje
continua nas saias, toques de
umbigo e gritos de alegria de
mulheres que seguem o compasso da música dos homens.
Nascido em São Vicente
Férrer (MA) e crescido entre
a roça e a construção de casas
de taipa, tinha "o tambor como devoção ao santo", diz o
filho. "Fazia só por amor."
Criou a associação folclórica do tambor de crioula de
são Benedito e viajou o mundo para divulgar os três CDs
que gravou com toadas cantadas nas ruas, como "Chorei
Coro". Mas Felipe não era só
mestre de tocar e compor.
Era professor dos meninos
que pegavam seu jeito em
oficinas que dava havia mais
de 20 anos.
Ao morrer na sexta, aos 84,
de parada cardíaca, mestre
Felipe deixou sete filhos, 57
netos, cinco bisnetos e gerações de discípulos, que, diz o
filho, "jamais deixarão o som
de seu tambor morrer".
obituario@folhasp.com.br
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