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Governo promete benefício por parto normal
Pelo novo pacote, mães poderão ficar em companhia do bebê no quarto, exceto se houver recomendação médica contrária
Regras valem para os hospitais que forem construídos ou reformados e prevêem apenas duas gestantes por quarto
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A partir de dezembro, grávidas que optarem pelo parto
normal terão direito a um pacote de vantagens oferecido pelo governo, como acompanhante antes, durante e depois da
realização do procedimento,
quarto com banheiro e, no máximo, duas gestantes por quarto. Caso haja indicação médica
ou opção da paciente pela cesárea, não há obrigação de cumprimento da regra.
A medida está prevista em
resolução da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) com regras para incentivar
a humanização do parto.
O texto estabelece também
que os hospitais a serem construídos, ampliados ou reformados deverão adequar suas estruturas. O local também deve
possibilitar que o bebê fique
permanentemente em companhia da mãe, a não ser que haja
indicação médica contrária. As
regras abrangem tanto os estabelecimentos de saúde públicos como os privados.
No entanto os hospitais que
não forem passar por uma obra
ou ampliação não estão obrigados pela resolução a se adequar
a essa exigência.
O texto estabelece que, ao
realizar o parto normal, a mulher poderá escolher a melhor
posição -deitada ou de cócoras, por exemplo-, desde que
não haja impedimento clínico.
Não haverá repasse extra de
recursos federais a Estados e
municípios para a implementação das novas regras, segundo
Adson França, coordenador de
Ações Estratégicas do Ministério da Saúde.
Para monitorar o cumprimento da resolução, haverá
uma avaliação semestral dos
serviços de saúde, baseada na
taxa de cesáreas, de mortalidade materna e de morte de
crianças após o parto.
De acordo com França, a fiscalização do cumprimento da
resolução caberá às vigilâncias
sanitárias estaduais, mas os
serviços de saúde que não cumprirem a regra não deverão sofrer punições administrativas:
"O procedimento não tem que
ser de punição, mas de persuasão e mudança de cultura".
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, afirmou que
as novas exigências para maternidades são um estímulo ao aumento nos índices de parto
normal. Segundo a pasta, 43%
dos partos realizados em 2007
foram por cesariana.
O percentual é significativamente maior entre as usuárias
de planos de saúde -80%, contra 31% registrados no SUS
(Sistema Único de Saúde). A
OMS recomenda índice de 15%.
Especialistas
O ginecologista Waldemir
Rezende, do Hospital das Clínicas de São Paulo, avalia que as
medidas de humanização são
importantes, mas, do ponto de
vista administrativo, há outras
prioridades. "Quarto com banheiro é maravilhoso, mas isso
é prioridade? A gente precisa é
zerar a mortalidade materna,
que tem índices altos, reduzir a
mortalidade neonatal e aumentar as consultas de pré-natal."
Para o ginecologista Marcos
Ymayo, do Hospital Santa Marcelina, a esperança é que a portaria acabe com situações gritantes que ocorrem sobretudo
no Norte e no Nordeste.
"Já vi dez mulheres em trabalho de parto em um mesmo
ambiente. E que, depois do parto, foram colocadas em macas
frias, sem colchão."
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem
Local
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