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análise
A vida real do SUS e o "parto humanizado"
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem o Hospital das Clínicas de São Paulo, uma das
principais referências no
país em atendimento do parto de alto risco, está preparado para as mudanças anunciadas ontem pelo Ministério da Saúde.
Embora louváveis, sem recursos financeiros e vontade
política dos gestores de saúde, as medidas para incentivar o parto humanizado correm o risco de não chegarem
à vida real do SUS.
Os alojamentos para mães
e bebês, por exemplo, agora
previstos na nova portaria,
inexistem na maioria das
maternidades públicas, embora seja uma recomendação
antiga da OMS (Organização
Mundial da Saúde).
No HC, ainda que em 70%
dos casos, mães e bebês pudessem ficar juntos do ponto
de vista médico, isso não
ocorre porque não há espaço
para os berços nos quartos.
As mães ficam em quartos
coletivos -com quatro ou
dois leitos- e os bebês,
no berçário. A cada quatro
horas, eles são levados
aos quartos para a amamentação.
A nova portaria garante
também a presença de um
acompanhante de livre escolha da gestante durante o
parto e a internação.
Mas no HC não há espaço
para os pais permanecerem
ao lado das mulheres. Eles só
têm autorização para assistir
ao parto. Nos quartos coletivos, a acompanhante da mãe
deve ser outra mulher.
Basta saber agora como essas e outras questões serão
viabilizadas na prática.
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