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Ato foi organizado pelos pais dos estudantes assassinados; manifestantes pediram penas mais duras contra menores infratores
Passeata contra a violência reúne 4.000
DA REPORTAGEM LOCAL
Faixas e cartazes pedindo justiça e em defesa de penas mais rigorosas para menores infratores. Jovens e adultos, muitos com os
olhos vermelhos de choro, segurando balões e usando camisetas
com fotos de parentes e amigos
assassinados. Cerca de 4.000 pessoas, segundo o Comando Geral
da PM, acompanharam ontem
ato na avenida Paulista (centro de
SP) organizado pelos pais e amigos de Liana Friedenbach, 16, e de
Felipe Caffé, 19, assassinados no
início do mês em Embu-Guaçu.
A passeata, que começou às 14h,
depois de um ato ecumênico em
frente ao colégio São Luís, onde os
dois estudavam, teve como bandeira mudanças no ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente) e a
redução da maioridade penal.
De acordo com a polícia, o mentor dos assassinatos de Liana e Felipe é um rapaz de 16 anos.
Embora o lema do ato fosse paz
com justiça, tanto os discursos
oficiais como as manifestações
dos participantes foram duros em
relação aos menores que cometem crimes. Muitos gritavam por
pena de morte e prisão perpétua.
O rabino Henry Sobel e a apresentadora Hebe Camargo, do
SBT, compareceram ao evento.
Em discurso, Sobel, presidente do
rabinato da Congregação Israelita
Paulista, fez críticas ao ECA, que
chamou de obsoleto. Depois, em
entrevista à Folha, afirmou ser favorável à pena de morte, não como rabino, mas como "pai e cidadão".
Hebe Camargo, que em seu programa chegou a manifestar o desejo de matar o menor acusado
pelo crime, também pediu mudanças na lei. Para ela, o rapaz é
irrecuperável e vai matar de novo.
Muito aplaudidos, os pais dos
jovens assassinados não foram
tão radicais. Eles entregaram a deputados estaduais e federais um
manifesto em que sugerem um
plebiscito para que a população
decida se deve haver alteração das
regras para punição de menores
que cometem crimes hediondos.
"Eu acho que [pena de morte]
não seria a solução. É um caso a se
pensar, se as medidas que estamos propondo não derem certo",
disse a enfermeira desempregada,
Lenice Silva Caffé, mãe de Felipe.
"Sou contrário à pena de morte,
mas acho que, num país democrático, todos os caminhos têm de
ser discutidos", disse o advogado
Ari Friedenbach, pai de Liana.
Também participaram do ato
familiares de vítimas da violência
em São Paulo e de outros Estados.
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