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Exército quer ficar em oito pontos no morro da Providência
Recurso será enviado até quinta-feira à Justiça Federal; apesar de decisão, militares continuavam ontem na favela
Força afirma que vigilância desses trechos do morro é fundamental para garantir a segurança de militares e operários da obra
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Inconformado com a decisão
judicial que retira suas tropas
do morro da Providência (centro do Rio), o Exército apresentará ao presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) do Rio,
Joaquim Castro Aguiar, pedido
para continuar na favela em pelo menos oito pontos.
A relação dos pontos considerados vulneráveis constará
em um recurso que o Exército
enviará até quinta-feira ao
TRF. Ao recurso, serão anexados mapas da favela, com destaque para os locais onde o Exército quer permanecer.
Em decisão anunciada na última sexta-feira, Castro Aguiar
determinou que as tropas do
Exército deixem a Providência.
O presidente do TRF autorizou
a permanência dos militares
apenas no trecho da rua Barão
da Gamboa, na base do morro,
onde estão sendo feitas obras
do projeto Cimento Social.
De acordo com a decisão judicial, os militares estão proibidos de ficar no morro em qualquer lugar que não seja a Barão
da Gamboa. Na prática, o Exército não pode mais patrulhar a
favela, o que vinha ocorrendo
desde dezembro do ano passado, quando iniciaram as obras.
A Justiça entendeu que as
tropas estavam realizando um
trabalho que a Constituição Federal destina com exclusividade às polícias estaduais, conforme relatava a ação civil pública
contra a presença militar na
Providência, de autoria da Defensoria Pública da União.
Castro Aguiar deu prazo até
depois de amanhã para o Exército apresentar suas argumentações. Até lá, os militares deveriam permanecer apenas na
Barão de Gamboa. Essa ordem
não foi cumprida no fim de semana e nem ontem.
O Exército informou ter diminuído seu efetivo na Providência de 200 para 60 militares. Mas, por supostas condições de segurança, mantém
parte deles em trechos altos da
favela, o que foi vetado pela
presidência do TRF.
De acordo com o Exército, a
vigilância desses pontos é fundamental para garantir a segurança dos militares e operários
da obra. Se esses locais não estiverem vigiados, os traficantes
de drogas no morro poderão
atacar do alto, sem dar chance a
quem estiver na Barão da Gamboa, argumenta a instituição.
A Folha tentou ouvir Castro
Aguiar sobre a desobediência à
determinação. A assessoria do
TRF do Rio informou que ele
estava viajando e não poderia
ser localizado.
O Exército informou ontem,
em nota, que está cumprindo
"integralmente" a decisão da
Justiça. O efetivo militar, diz a
nota, está restrito "às áreas absolutamente necessárias para a
execução das atividades [das
obras na Providência]".
O 3º Tribunal do Júri, de âmbito estadual, declarou-se incompetente para julgar o homicídio dos três jovens do morro da Providência. O caso será
julgado pela 7ª Vara Criminal
da Justiça Federal, no Rio.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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