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PF apura suposto elo de vereador com lobby de prostíbulo
O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues (PR), é citado em escutas telefônicas
Coronel reformado da PM, apontado como contato da casa para atuar junto a funcionários públicos,
será ouvido amanhã
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal vai ouvir
amanhã o coronel reformado
da PM Wilson de Barros Consani Júnior sobre o suposto envolvimento do presidente da
Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues
(PR), no lobby para manter
aberto o prostíbulo W.E., na região central de São Paulo.
Segundo a PF, a casa era usada para lavar dinheiro desviado
do BNDES, no esquema descoberto em abril pela Operação
Santa Tereza. O coronel é
apontado pelos policiais como
o homem que atuava junto a
funcionários públicos para que
a casa de prostituição não fosse
fechada por falta de alvará.
Escutas telefônicas da operação da PF reveladas ontem pelo
jornal "O Estado de S. Paulo"
mostram Fabiano Alonso, genro de Rodrigues, dizendo ao coronel que o presidente da Câmara iria "ajudar". Alonso também afirma que o sogro havia
tratado do assunto com o prefeito Gilberto Kassab (DEM). A
Folha teve acesso ontem a parte das escutas.
Rodrigues nega a acusação e
diz que vai se colocar à disposição da PF para esclarecimentos. Em entrevista coletiva ontem, Kassab afirmou que nunca
tratou do assunto e que foi citado de forma "unilateral" nas
conversas interceptadas, portanto não tem de dar explicações. Consani disse, por meio
de seu advogado, não ter recebido ajuda do presidente da Câmara (leia texto nesta página).
Contatos
Após uma blitz da Secretaria
Municipal de Habitação na
boate, em março, Consani iniciou seu trabalho para manter a
casa aberta. No início de abril,
Alonso ligou para Consani e
afirmou: "Fica sossegado, irmão, a gente está vendo. Já passei para o Carlinhos, e ele se
prontificou a ajudar". O coronel chegou a falar por telefone
com o presidente da Câmara,
que se dispôs a recebê-lo numa
reunião, que de fato ocorreu.
Dias depois, o genro de Rodrigues voltou a ligar para Consani. Disse que Rodrigues teria
um encontro com Kassab para
tratar do assunto.
Durante esses contatos, o
chefe-de-gabinete de Rodrigues, Camilo Cristófaro, ligou
para Consani. Reclamou que
seu nome estava sendo usado
indevidamente por um investigador chamado Tiago, que teria
se prontificado a ajudar Consani a manter a casa aberta.
Disse ainda que não conhecia
nenhuma "W", possível referência à boate: "Eu não tenho
culpa de que minha sala é uma
sala política que todo mundo
freqüenta. Agora o cara sai daqui da sala e vai ganhar dinheiro nas nossas costas?"
Mesmo antes da blitz da Secretaria de Habitação, a casa de
prostituição era alvo de um
processo na Subprefeitura da
Sé por falta de documentação.
A boate funcionava em dois
imóveis. Um deles era bar e restaurante, onde ficavam as garotas. O outro, ao lado, um flat
usado para programas.
O local foi alvo de fiscalização
da prefeitura no segundo semestre do ano passado e os responsáveis não apresentaram os
alvarás de funcionamento.
O estabelecimento ganhou
prazo para tentar regularizar
sua situação. Mas, antes da conclusão do processo de fechamento, a boate foi estourada
pela PF, em 24 de abril.
Desde agosto de 2007, época
da interdição da boate Bahamas, em Moema, na zona sul de
São Paulo, a Polícia Civil, a prefeitura e o Ministério Público
vêm realizando uma série de
ações contra estabelecimentos
suspeitos de abrigar agenciamento de prostituição de luxo.
Foram interditadas as boates
Café Moulin Rouge, Café Milleniun, Ilha da Fantasia, Musas e
Solid Gold, entre outras.
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