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Mortes caem após prisão de chefes de milícia
Queda foi de 26,8% nos homicídios registrados na área em que atua a milícia de Campo Grande, na zona oeste do Rio
O deputado Natalino Guimarães e o vereador Jerominho, ambos presos, são apontados pela polícia como chefes do grupo
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Desde as primeiras prisões
dos principais chefes da milícia
de Campo Grande, zona oeste
do Rio, em dezembro, houve
uma queda de 26,8% nos registros de homicídios na 35ª DP,
responsável pela área.
O número de casos registrados na delegacia caiu de 97, de
janeiro a abril de 2007, para 71
no mesmo período deste ano,
segundo o Instituto de Segurança Pública, do Rio. A queda
foi maior do que a registrada
em todo o Estado (8,7%).
A polícia atribui a queda à desarticulação do grupo armado
que atua em Campo Grande,
autodenominado "Liga da Justiça". "Boa parte dos casos era
de responsabilidade deste grupo", afirmou o delegado substituto da 35ª DP, Eduardo Jorge
Alves Soares.
Os dois homens apontados
pela polícia como chefes são o
deputado estadual Natalino
Guimarães (DEM) -preso na
segunda- e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho
(PMDB), o Jerominho -que
também está preso. Ambos negam fazer parte de milícias.
Levantamento do batalhão
da PM que patrulha Campo
Grande indica que 98 assassinatos na região desde 2000 estão relacionados ao grupo.
Desde dezembro, cerca de 30
membros foram presos, diz a
polícia. Houve queda também
no número de desaparecidos
(17,4%). O delegado, no entanto, não atribui isso ao combate
à milícia. "Eles geralmente gostam de mostrar o morto para
que sirva de lição para os outros
(...). A certeza da impunidade é
tanta que alguns policiais usam
a arma registrada no próprio
nome para cometer o crime."
Soares diz que, "em três meses", a milícia em Campo Grande estará "extinta".
Pessoas que tentam agir nas
áreas dominadas pela milícia
-fazendo "segurança", atuando na venda de gás ou transporte alternativo- são mortas.
Aqueles que se recusam a pagar
as taxas também são alvo do
grupo.
Informantes
Dois homens que conseguiram escapar de atentados atribuídos pela polícia ao grupo de
Natalino contribuíram para as
investigações que culminaram
na prisão do deputado e de
mais cinco homens na segunda-feira.
Um deles é o sargento da PM
Francisco César Silva de Oliveira, o Chico Bala, que escapou de
uma emboscada em São Pedro
da Aldeia (região dos Lagos),
em que morreram sua mulher
grávida e o enteado.
Investigado por envolvimento na máfia das vans, ele deu informações à polícia sobre a "Liga da Justiça".
A 35ª DP identificou ontem o
envolvimento do policial civil
Leonardo Moreira Dias com o
grupo. Sua arma de trabalho foi
apreendida na casa do deputado, diz a polícia. A reportagem
não conseguiu contato com ele.
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