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ALTA ANSIEDADE
Nas últimas quatro gerações, o início da vida sexual das garotas passou dos 22 para os 17 anos, diz estudo
Iniciação sexual da mulher é adiantada
DA REPORTAGEM LOCAL
A pesquisa sobre sexualidade
da USP mostrou que, nas últimas
quatro gerações, o início da vida
sexual da mulher foi encurtado
em média cinco anos: passou dos
22 para os 17 anos. Entre os homens não houve diferença. A idade média de iniciação sexual continua sendo 15 anos.
"A mudança nos remete à situação vivida pelos nossas bisavós,
que iniciavam a vida sexual por
volta dos 15 anos. A diferença é
que, naquela época, isso acontecia
dentro de um casamento, não
existia a Aids e a gravidez precoce
não era um problema social", afirma a psiquiatra Carmita Abdo,
coordenadora da pesquisa.
A estudante Carla (o nome é fictício), 17, exemplifica bem essa situação. Ela iniciou a vida sexual
há dois anos e já teve sete parceiros, dois deles colegas de cursinho, por apenas uma noite.
"Me arrependi muito porque
eles saíram contando vantagem
por aí. Só rolou porque eu estava
muito bêbada", diz a estudante.
Para Abdo, acontece hoje uma
nova revolução sexual, a primeira
após o advento da pílula anticoncepcional, ocorrido há 40 anos:
meninos e meninas estão iniciando a vida sexual com pessoas conhecidas -não necessariamente
o namorado ou a namorada-,
sem que haja um compromisso
de continuidade dessa relação.
Na avaliação do urologista Sidney Glina, isso pode ser um comportamento novo entre as meninas. "A falta de compromisso dos
meninos continua a mesma. Antes, eles transavam com prostitutas. Agora, transam com amigas,
mas continuam sem vínculo."
Glina conta que, recentemente,
atendeu um grupo de amigos que
havia contraído DST (doença sexualmente transmissível) de um
grupo de amigas. "Cada um fica
hora com uma e sem camisinha."
Segundo a psicóloga Helena Lima, da PUC-SP, os jovens estão
encarando a sexualidade como
artigo de consumo. "É a geração
preocupada com seu próprio prazer. Não querem incorporar o outro e fogem de vínculos afetivos."
Um dado interessante é a dificuldade dos homens em conseguir a parceira que desejam:
38,1% relataram esse problema
como uma das dificuldades do
início da vida sexual. Entre as mulheres, além da dificuldade de orgasmo, 25% relatam que não conseguem se excitar e 17% dizem
não ter vontade de praticar sexo.
As mulheres também buscam
um relacionamento com "compromisso": 40,1% delas têm essa
meta, enquanto, entre os homens,
28% consideram isso importante.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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