São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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ALTA ANSIEDADE

Nas últimas quatro gerações, o início da vida sexual das garotas passou dos 22 para os 17 anos, diz estudo

Iniciação sexual da mulher é adiantada

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa sobre sexualidade da USP mostrou que, nas últimas quatro gerações, o início da vida sexual da mulher foi encurtado em média cinco anos: passou dos 22 para os 17 anos. Entre os homens não houve diferença. A idade média de iniciação sexual continua sendo 15 anos.
"A mudança nos remete à situação vivida pelos nossas bisavós, que iniciavam a vida sexual por volta dos 15 anos. A diferença é que, naquela época, isso acontecia dentro de um casamento, não existia a Aids e a gravidez precoce não era um problema social", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora da pesquisa.
A estudante Carla (o nome é fictício), 17, exemplifica bem essa situação. Ela iniciou a vida sexual há dois anos e já teve sete parceiros, dois deles colegas de cursinho, por apenas uma noite.
"Me arrependi muito porque eles saíram contando vantagem por aí. Só rolou porque eu estava muito bêbada", diz a estudante.
Para Abdo, acontece hoje uma nova revolução sexual, a primeira após o advento da pílula anticoncepcional, ocorrido há 40 anos: meninos e meninas estão iniciando a vida sexual com pessoas conhecidas -não necessariamente o namorado ou a namorada-, sem que haja um compromisso de continuidade dessa relação.
Na avaliação do urologista Sidney Glina, isso pode ser um comportamento novo entre as meninas. "A falta de compromisso dos meninos continua a mesma. Antes, eles transavam com prostitutas. Agora, transam com amigas, mas continuam sem vínculo."
Glina conta que, recentemente, atendeu um grupo de amigos que havia contraído DST (doença sexualmente transmissível) de um grupo de amigas. "Cada um fica hora com uma e sem camisinha."
Segundo a psicóloga Helena Lima, da PUC-SP, os jovens estão encarando a sexualidade como artigo de consumo. "É a geração preocupada com seu próprio prazer. Não querem incorporar o outro e fogem de vínculos afetivos."
Um dado interessante é a dificuldade dos homens em conseguir a parceira que desejam: 38,1% relataram esse problema como uma das dificuldades do início da vida sexual. Entre as mulheres, além da dificuldade de orgasmo, 25% relatam que não conseguem se excitar e 17% dizem não ter vontade de praticar sexo.
As mulheres também buscam um relacionamento com "compromisso": 40,1% delas têm essa meta, enquanto, entre os homens, 28% consideram isso importante. (CLÁUDIA COLLUCCI)

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