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SAÚDE
Acupuntura, meditação e ioga já são indicadas por médicos contra dores, ansiedade e estresse da gestação
Pré-natal inclui práticas alternativas
DA REPORTAGEM LOCAL
Acupuntura, meditação e ioga.
Juntas ou isoladas, essas práticas
estão indo além da opção pessoal
das grávidas para se tornarem
uma indicação médica no alívio
de cefaléias, dores musculares e
náuseas e na diminuição da ansiedade e do estresse do período.
No caso da acupuntura, a OMS
(Organização Mundial da Saúde)
reconhece os benefícios da técnica chinesa no tratamento de dores
nas costas, queixa mais freqüente
na gestação, e na estimulação da
produção de leite em mães com
dificuldade de amamentar. A prática é reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1995.
Uma das razões que levam médicos alopatas a reconhecer os benefícios das práticas chinesas e
hindu na gestação são alguns estudos recentes. Um deles, da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo), indicou que a acupuntura
reduziu as queixas de transtornos
emocionais e dores nas costas e
no baixo-ventre na gestação.
Outra pesquisa -a primeira do
gênero no Brasil- da mesma
universidade está avaliando o impacto da meditação durante a gravidez (leia texto nesta página).
Para a ginecologista Mary Nakamura, chefe do Departamento
de Obstetrícia da Unifesp, aos
poucos os médicos alopatas estão
deixando de enxergar a acupuntura como algo esotérico e reconhecendo sua importância no alívio de dores e tensão na gravidez.
"Muitos ainda indicam só quando há a patologia instalada [dor
nas costas, por exemplo]", diz. No
início e no fim da gestação, há restrição ao uso de antiinflamatórios, antibióticos e analgésicos.
Hoje, vários serviços públicos
de saúde, como os hospitais das
Clínicas e São Paulo (ligado à Unifesp), já oferecem gratuitamente
acupuntura às grávidas. Mas, de
acordo com Nakamura, ainda
existe certa resistência das mulheres. O temor das agulhas e a falta
de condições de deslocamento até
o hospital seriam os principais fatores da falta de adesão à terapia.
Diferentemente das agulhas de
injeção, as usadas na acupuntura
têm ponta arredondada e a aplicação é quase indolor. Mas, para
aquelas grávidas que não se convencem disso, pode-se usar pequenas ventosas que provocam
sucção ou adesivos ligados a eletrodos, segundo o médico Hong
Jin Pai, chefe da equipe de acupuntura do Centro de Dor do
Hospital das Clínicas paulistano.
Na opinião de Pai, a acupuntura
na gravidez é um complemento
do pré-natal, uma prática segura e
efetiva para os desconfortos da
gravidez, mas sempre deve ser feita com aval do obstetra. Ele diz
que, para evitar que qualquer
complicação na gravidez seja atribuída à acupuntura, desaconselha
a introdução das agulhas na região do baixo-ventre e em alguns
pontos das mãos e pernas.
O ginecologista Roberto Cardoso, que coordena o estudo sobre
meditação na Unifesp, diz que a
idéia é que a prática seja integrada
ao sistema público de saúde.
"Muitos obstetras já orientam as
pacientes a praticar a meditação
pois acreditam nos benefícios."
Segundo Edmund Chada Baracat, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Sociedades
de Ginecologia e Obstetrícia), os
obstetras reconhecem os benefícios da acupuntura na gravidez,
mas a preferência ainda é solucionar possíveis problemas pelas vias
tradicionais, indicando remédios.
Se a opção for a acupuntura, Baracat diz que as gestantes devem
sempre procurar médicos com
formação em acupuntura e indicados pelo obstetra. Para ele, os
benefícios da meditação e da ioga
na gravidez ainda não são claros.
Na opinião da ginecologista Lílian Fumie Takeda, especialista
em medicina tradicional chinesa,
a meditação ensina técnicas que
ajudam a lidar com estresse e ansiedade e trazem à grávida clareza
e foco. "A meditação ajuda a reduzir o medo que a mulher sente
em relação ao parto e a preocupação com a saúde do bebê", afirma.
A ioga promete benefícios muito semelhantes à meditação, com
exercícios posturais, de respiração e concentração. Segundo a
professora de kundalini ioga Renata Uliani, as posturas alongam e
tonificam os músculos, evitando
que a gestante tenha os movimentos restritos no fim da gravidez.
Além disso, explica Renata, os
exercícios relaxam as articulações, ativam a circulação, aumentando a oxigenação do organismo, e ampliam a flexibilidade corporal, o que é essencial para a gestante se adaptar com mais facilidade às mudanças físicas e conseguir manter-se equilibrada diante
das alterações hormonais.
"Com o aumento da barriga, o
ponto de equilíbrio da grávida se
desloca para a frente, forçando alguns músculos que ela não costuma usar. E as costelas também sofrem um deslocamento, o que
causa dor lombar e nas costas."
A física Francisca Brasileiro, 26,
grávida de 17 semanas e praticante de ioga há quatro anos, afirma
que tem feito na ioga exercícios
específicos para a região pélvica, o
que tem ajudado a "soltar" essa
musculatura. "Além disso, é o
momento do dia em que mais sinto o bebê." (CLÁUDIA COLLUCCI)
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