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SAÚDE
Encontro de especialistas debate pesquisas e tratamentos para as doenças causadas pela idade nos homens
Médicos combatem velhice masculina
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O envelhecimento do homem,
com todos os sintomas, as enfermidades e as terapêuticas específicas ao sexo masculino, é o objeto
de estudos de um grupo de médicos brasileiros, que se reuniram
ontem em São Paulo no 1º Simpósio Brasileiro Sobre Envelhecimento Masculino.
Trata-se da chegada ao país de
uma tendência internacional recente da medicina. Essa nova vertente parte do pressuposto de que
os estudos dos problemas ocasionados pela idade no homem estão
cerca de 20 anos atrasados em relação aos da mulher.
Além dos problemas em comum a ambos, como perda de
massa muscular, enfraquecimento dos ossos e diminuição da
energia vital, investiga-se os males
predominantemente masculinos
e o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida.
A endocrinologista Anna Maria
Martits, organizadora do simpósio brasileiro e frequentadora assídua das jornadas médicas sobre
o tema em outros países, afirma
que os estudos de disfunções causadas pela idade na mulher, sobretudo a menopausa, começaram na década de 60. Desde então, o tema vem sendo abordado,
promovendo-se cada vez mais as
atividades preventivas. "Cientificamente, sabe-se muito mais sobre a saúde da mulher do que a do
homem", diz ela, para quem a
mulher sempre se mobilizou mais
e desenvolveu o hábito de ir preventivamente ao médico, seja ao
ginecologista, seja ao pediatra, para levar os filhos.
"Na mulher, o conceito de prevenção é culturalmente arraigado. Já o homem só busca o médico quando está com algum problema, e uma boa porcentagem o
faz estimulado pela mulher com
quem vive", diz a médica.
Um indicador dessa tese: nos
Estados Unidos, é muito maior o
número de mulheres que recorre
ao sistema público de saúde, mas
o gasto do governo com a saúde
dos homens é superior ao total de
recursos dedicado às mulheres.
Talvez isso ajude a entender (o
que não é explicado cientificamente) o fato de, no mundo ocidental, a mulher viver entre seis a
oito anos a mais que o homem.
Atualização
O primeiro congresso internacional para tratar especificamente
dos danos da idade no macho da
espécie ocorreu em 1998. O mais
recente foi em fevereiro, em Berlim, assim como no mês passado
houve em Viena um encontro sobre a saúde masculina de uma
maneira geral.
O mais importante estudo de
grande porte para coligir dados
sobre a questão também está sendo conduzido neste momento
por pesquisadores dos Estados
Unidos. A investigação, que vai
oferecer um inédito banco de dados aos profissionais da área, é
promovida por uma entidade que
dá nome ao trabalho, a Massachusetts Male Aging Study (Estudo do Envelhecimento Masculino
de Massachusetts).
"Está acontecendo tudo mais ou
menos ao mesmo tempo", diz
Martits. O objetivo desses encontros -inclusive o do brasileiro-
é promover o intercâmbio entre
as diversas especialidades. É uma
atividade multidisciplinar, pois
mobiliza clínicos, urologistas, geriatras, endocrinologistas, psiquiatras, dermatologistas e outros
profissionais que trabalham com
o desgaste físico e mental que passa a acometer o homem a partir
dos 40 anos de idade.
Assim como vem ocorrendo
nos encontros internacionais, o
simpósio brasileiro abordou as
novidades do setor (como os "filhotes do Viagra", ou seja, as novas e mais eficientes drogas para a
disfunção erétil que estão chegando), mas também temas controversos, como a aplicação de hormônio do crescimento.
Esse procedimento, no entanto,
deve ser adotado com cautela. Segundo os especialistas, não são
devidamente conhecidas as suas
correlações com o desenvolvimento de tumores.
Ainda nessa área, Anna Maria
Martits falou sobre os implantes
que reintroduzem testosterona (o
hormônio masculino) no organismo. "Esse método mantém o
nível hormonal homogêneo. As
injeções tradicionais ocasionam
um aumento brusco, depois uma
queda. A aplicação de gel, mais
eficiente, encontra resistência por
parte dos homens."
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