|
Texto Anterior | Índice
MARIA D'ALVA GIL KINZO (1951-2008)
Uma história da democracia brasileira
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucos no país entendiam
de partidos políticos como
ela. Era irromper uma crise
no apoio da base governista
no Congresso e a imprensa
correr a ouvi-la, sedenta por
afirmações. Mas Maria D'Alva Kinzo costumava ser tão
tímida quanto precisa. "Cada
frase sua era assentada em
pesquisa. E ela só falava sobre o que sabia."
Assim a moça de olhos puxados e "pouco falar", neta de
japoneses de Okinawa nascida em Paranagi (PR), formou-se em ciências sociais e
foi estagiária do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento -diz a irmã, sob a batuta de Fernando Henrique
Cardoso. Foi no doutorado
em Oxford, na Inglaterra,
que defendeu a tese "Oposição e Autoritarismo - Gênese
e Trajetória do MDB", que
virou livro e referência sobre
os partidos democráticos.
Apesar de "neutra e objetiva nas pesquisas", diz uma
amiga, era tucana, das que viram o PSDB emergir do
MDB, uma entre tantos ex-alunos de FHC -cuja preocupação maior era a fragmentação dos partidos, para
ela, nociva à jovem democracia. E, com seus seminários
em Londres, virou referência
sobre política brasileira.
Tornou-se professora da
USP em 1987, onde virou livre-docente. Só deixou de lecionar em 2005, ao descobrir
o câncer. Voltou-se ao tratamento e a tocar piano, como
fazia aos 6 anos, "para manter a coordenação motora".
Amante de óperas, boa comida e bom vinho, não abria
mão de sair para se divertir,
mesmo na cadeira de rodas.
As muitas amigas se revezavam, diz a irmã, para levá-la.
Morreu domingo, aos 57.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Índice
|