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ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
No primeiro semestre, prefeitura concluiu 21 dos 142 projetos pedidos pela população para 2002
54% das obras ainda não saíram do papel
SÉRGIO DURAN
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Das 142 obras propostas pela
população de São Paulo nas assembléias do Orçamento Participativo do ano passado, 77 -ou
54,2%- ainda não conseguiram
vencer a burocracia que costuma
atrasar os empreendimentos públicos. Segundo cronograma
atualizado até 30 de junho, as
obras estavam em fase de aquisição de terreno, licitação e projeto.
No caminho de 72 obras estão
entraves como regularização de
lotes em áreas protegidas ambientalmente ou que exigem desapropriação, além do próprio
ritmo das concorrências públicas.
A essas, somam-se 5 que ainda
nem entraram nessa fase inicial.
Até junho, a prefeitura concluiu
21 das 142 obras pedidas, o equivalente a 15%. Problemas com
terrenos são apontados, nas justificativas que constam do cronograma, entre as principais causas
de atraso.
A avaliação é da própria administração municipal, que mantém
uma equipe para acompanhar a
execução do Plano de Obras e Serviços do Orçamento Participativo
2001, além dos representantes
eleitos. Os números estão disponíveis no site da prefeitura
(www.prefeitura.sp.gov.br).
Os dois hospitais previstos não
foram incluídos na avaliação da
Folha, já que demorarão cerca de
três anos para ficar prontos.
Além de apontar obras prioritárias, os participantes das assembléias puderam propor investimentos em serviços, como, por
exemplo, a criação de novas equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Das 900 equipes médicas pedidas, 567 entraram em atividade até junho -ou 63%.
A criação de novas vagas em
creches é o outro serviço pedido.
O Orçamento previa a manutenção de 59.147 vagas em creches
conveniadas e a criação de novas
20.200 vagas desse gênero. A prefeitura manteve as vagas e criou
novas 6.102. Com isso, cumpriu
82,2% da proposta. Porém, se forem consideradas só as vagas criadas, o resultado cai para 30,2%.
Otimismo
Apesar do resultado do primeiro semestre, o coordenador do
Orçamento Participativo, Félix
Sánchez, faz previsões otimistas
sobre a execução das obras e serviços propostos. Ele espera realizar 90% até dezembro. "Seria a
época ideal para esse tipo de avaliação", considera o coordenador.
Pela previsão que consta do relatório disponível na internet, no
entanto, a prefeitura chegará a
37,3% de obras concluídas.
A diferença entre as previsões
está na consideração das fases da
obra. Para o coordenador do programa, mesmo que não sejam
concluídas, essas obras estarão
em estágio mais avançado em dezembro. O balanço da equipe de
Sánchez leva em conta não só a
obra concluída e o serviço disponível, mas também as várias fases
das obras em andamento.
"O resultado global é bom. Nenhum município que adotou o
programa chegou a 100% no primeiro ano", diz Fábio Pereira, da
Assessoria Geral do Orçamento
Participativo.
Segundo os técnicos da área, a
análise dos resultados precisa levar em conta o fato de que essa é a
primeira experiência de Orçamento Participativo em uma cidade da dimensão de São Paulo.
As obras em fase avançada
apresentam especificações como
"cobertura" (colocação dos telhados), "estrutura" (fiação e tubulações) e "acabamento" (pintura).
A área da saúde tem as obras
mais atrasadas. Todas as 24 Unidades Básicas de Saúde previstas
nem começaram a ser projetadas
-estão, ainda, em fase de negociação de terrenos. Segundo a
prefeitura, isso ocorreu porque a
Secretaria da Saúde não possuía
reserva de áreas livres.
Mas não é somente a escolha
dos terrenos que atrasa o cronograma da prefeitura. Os fundamentos do Orçamento Participativo de São Paulo também contribuem para a demora.
"Na verdade, optamos por um
modelo profundamente participativo. Quando o terreno indicado pela população não pode abrigar a creche proposta, por exemplo, voltamos a consultá-la para
saber o novo endereço da obra.
Dessa forma, garantimos que o
novo equipamento atenda exatamente a demanda apontada e que
a população participe de todo o
processo", diz Sánchez.
Segundo Fábio Pereira, o vaivém da consulta popular pode
"levar meses" de negociação.
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