São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2011 |
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ANÁLISE "Casas-ilhas" diversificam a utilização da cidade FERNANDO SERAPIÃO ESPECIAL PARA A FOLHA No passado, construir edifícios em bairros como o de Higienópolis (região central de São Paulo), era tarefa bem fácil. A demolição de um casarão abria espaço para um arranha-céu. De 30 anos para cá, no entanto, não é raro encontrarmos "casas-ilhas", cercadas por edifícios e que recusam as ofertas feitas pelos agentes imobiliários. A questão fica mais frequente pois a legislação exige lotes maiores e os prédios avançam em antigas periferias, com lotes pequenos e retalhados, como, por exemplo, a Vila Madalena (zona oeste de São Paulo). Os motivos são inúmeros e variados, desde a documentação até a teimosia do proprietário. Mesmo esdrúxula, a resistência não precisa ser justificada: o direito é garantido -a não ser que seja uma desapropriação por interesse público. O fato é universal: há quatro anos, fotos incríveis de uma casa no meio de um canteiro de obras em Chongqing, na China, rodou o mundo. A casa na cidade chinesa foi demolida, mas a resistência provocou mudança na legislação em favor da propriedade privada. Para o projeto e a construção do prédio, a "casa-ilha" dificulta o subsolo e afeta o recuo. Para os futuros proprietários das unidades do prédio, uma "casa-ilha" pode ser o céu (garantindo a vista) ou o inferno (desvalorizando as unidades). Os donos das "casas-ilhas" muitas vezes recebem ofertas melhores. Mas se permanecer, a "casa-ilha" pode ser abalada pela construção vizinha, perder a privacidade e o sol. Para o restante da cidade, em geral, as "casas-ilhas" são positivas. Elas garantem a possibilidade da variedade de usos da cidade, pois podem ser transformadas em comércio. Nossa legislação (e costumes) não favorece a diversidade urbana. Novos prédios residenciais e comerciais, por exemplo, não incluem um estabelecimento comercial aberto para a rua, o que não é positivo, pois ajuda, com muros altos e compridos, a asfixiar a calçada -o lugar mais importante de uma cidade. FERNANDO SERAPIÃO é arquiteto e editor da revista "Monolito" Texto Anterior: É um trabalho de insistência, dizem construtoras Próximo Texto: Terreno de casa que abriga índios doentes é visado Índice | Comunicar Erros |
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