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TRANSPORTES
Motoristas suspendem paralisação, que durou dois dias, após aprovar proposta que já havia sido feita na sexta-feira
Sindicato aceita acordo antigo e greve acaba
ALENCAR IZIDORO
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os motoristas de ônibus de São
Paulo suspenderam ontem à noite a greve que já durava dois dias
depois de aceitar uma proposta
de reajuste salarial que já havia sido oferecida à categoria.
A paralisação, que prejudicou
3,7 milhões de passageiros no segundo dia consecutivo, foi a
maior já enfrentada pela administração Marta Suplicy (PT).
O acordo entre patrões e empregados foi definido durante a tarde
no TRT (Tribunal Regional do
Trabalho). Ele prevê um reajuste
de 6% sobre os salários de maio
de 2001, elevação do vale-refeição
de R$ 6,80 para R$ 7,00, R$ 50 de
convênio médico e manutenção
da jornada de trabalho de sete horas, com 30 minutos de refeição.
A proposta é praticamente igual
à que havia sido feita na última
sexta-feira pelo secretário dos
Transportes, Carlos Zarattini, e
recusada pela categoria. O secretário de assuntos jurídicos do sindicato dos motoristas, Geraldo
Diniz da Costa, disse ontem que
ela não havia sido aceita anteriormente pela direção da entidade,
que é ligada à Força Sindical, porque não tinha sido formalizada.
"Não tínhamos nada oficial, nada por escrito. Se a proposta fosse
feita com responsabilidade, a greve não teria acontecido", afirmou.
A sugestão de Zarattini embutia
as duas principais reivindicações
que foram acordadas ontem: manutenção da jornada de trabalho
de sete horas, alta de 6% dos salários e convênio médico de R$ 50.
Os motoristas não abriam mão de
um reajuste de 8% sobre os salários de maio deste ano.
Zarattini disse que a aceitação
da proposta ontem no TRT comprova a conotação política da greve. O ex-presidente da Força Sindical Paulo Pereira da Silva será
candidato a vice-presidente na
chapa de Ciro Gomes (PPS) e
acompanhou as negociações. "Está demonstrado que a intenção da
greve era política, para prejudicar
a administração do PT."
O presidente em exercício da
Força, João Carlos Gonçalves, o
Juruna, negou a manipulação política da paralisação e aproveitou
para fazer críticas ao PT. "Não temos culpa se o PT está tendo problemas em Santo André, no Rio e
se o Lula está caindo nas pesquisas. Não temos culpa da incompetência dessa administração."
A prefeita Marta Suplicy já tinha
previsto pela manhã a possibilidade de os motoristas aceitarem
um acordo parecido com aquele
que havia sido proposto antes.
O candidato a vice-presidente
na chapa de Ciro Gomes divulgou
uma nota dizendo que "a prefeita
não consegue resolver os problemas de São Paulo" e "tenta jogar a
culpa em quem nada tem a ver
com sua incapacidade".
O diretor-jurídico do Transurb
(sindicato patronal), Antonio
Sampaio Amaral Filho, reconheceu que a proposta aceita ontem
era igual à que já havia sido feita
na sexta, mas não criticou os trabalhadores. "O momento é diferente, a conjuntura é diferente. A
greve amadurece todo mundo."
O acordo fechado no TRT também é semelhante ao que foi proposto no TST (Tribunal Superior
do Trabalho) na semana passada.
A diferença é que a idéia sugerida
no TST contemplava uma jornada dez minutos superior.
Números
Em cada dia da greve, segundo a
SPTrans (órgão responsável pelo
transporte coletivo), 3,7 milhões
de pessoas foram prejudicadas. A
adesão foi praticamente total por
parte dos 50 mil motoristas.
Além do sofrimento dos passageiros, nos dois dias de paralisação houve depredação de ônibus
que "furaram" o movimento. Ontem, nove veículos foram apedrejados e motoristas, agredidos.
Com o acordo de ontem, o julgamento da greve pelo TRT ficou
suspenso e poderá ser realizado em 48 horas.
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