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GREVE DE ESTUDANTES
Sedi Hirano, que vai comandar a FFLCH, defende número mínimo de professores e reposição automática
Novo diretor quer renovar quadro docente
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
O cientista social Sedi Hirano, 63, assumirá a direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH)
em julho com a missão de consolidar uma política de contratação
de professores pautada na qualidade de ensino.
Otimista, acha que vai conseguir e aposta numa maior articulação com a reitoria para isso.
Graduado, mestre e doutor pela
FFLCH, ele não esconde o orgulho da instituição, onde é hoje
professor titular e coordenador
do programa de pós-graduação.
"Não existe curso perfeito, mas o
nosso é de altíssimo nível." A seguir trechos da entrevista que Hirano concedeu ontem à Folha.
Folha - Como o sr. vai encaminhar
a luta da FFLCH por melhores condições de ensino?
Sedi Hirano - Temos de ter o mínimo de docentes para manutenção do alto padrão no ensino e na
pesquisa. Cada departamento
tem de definir esse número, que
praticamente já não existe em vários deles. Toda vez que o limite
mínimo for ultrapassado, a renovação tem de ser automática.
Folha - As vagas são pedidas, e
não são concedidas. Como mudar?
Hirano - Precisamos estabelecer
esse número mínimo num acordo com a reitoria.
Folha - Na sua avaliação, a que se
deve a crise que a FFLCH vive hoje?
Hirano - Nessa última década, a
reposição dos docentes não seguiu uma política de defesa da
qualidade de ensino. Eu diria que
houve um problema de gestão em
relação ao número mínimo de
docentes necessário. E faltou uma
articulação com a reitoria.
Folha - O sr. acha que a FFLCH paga por resistir à política da USP?
Hirano - A FFLCH defende uma
concepção de universidade enquanto uma instituição social e,
portanto, voltada para o interesse
público, geral, da sociedade. Dentro dessa concepção não cabe a
idéia da universidade funcional,
voltada para o mercado. Mas, pelo que sei, a faculdade raramente
teve um poder específico ou um
lugar forte dentro da estrutura da
USP. A marca da FFLCH é a produção acadêmica de altíssimo nível, que nós temos mantido e lutamos para continuar mantendo.
Folha - A administração da FFLCH
não tem nenhuma culpa na crise?
Hirano - Não existe curso perfeito. Precisamos adequar a grade
curricular de certas disciplinas,
mas o curso como um todo é considerado de alto nível.
Folha - Há docentes que não dão
a carga didática prevista na lei?
Hirano - Precisamos discutir o
conceito de carga didática na
perspectiva da docência formadora. Quantas cargas são agregadas dentro da sala de aula, quantas no atendimento aos alunos e
na discussão de pontos específicos? É outro ponto que precisa ser
mais bem articulado. Nossa ênfase é na qualidade, não na quantidade de horas-aula.
Folha - O sr. acha que deixará a
FFLCH numa outra situação?
Hirano - Prefiro acreditar nessa
utopia. O ensino na faculdade incomoda certos tipos de forças
conservadoras, mas é importante
e fundamental para a universidade e para a sociedade.
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