São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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DIREITOS HUMANOS

Para Hélio Bicudo, análise mostra que os 12 criminosos que estavam em ônibus não morreram em confronto

OEA receberá laudo sobre ação contra o PCC

DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, deve encaminhar à Câmara dos Deputados e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos) laudo do legista Nelson Massini sobre a morte dos 12 integrantes da facção criminosa PCC no dia 5 de março na rodovia senador José Ermírio de Moraes (a Castelinho).
Bicudo, que preside o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, concluiu, a partir do laudo de Massini, que os homens da facção foram "executados" pela polícia.
Os membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) viajavam em um comboio de seis veículos, entre eles um ônibus. Um soldado da PM ficou ferido durante a ação. Segundo a polícia informou na época, a operação evitou um roubo de R$ 28 milhões.
A PM alegou que as mortes ocorreram durante o confronto. A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou ontem que "a polícia só reagiu e descarta qualquer tese de execução".
O legista, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), aponta na conclusão do laudo que a maioria dos tiros atingiu o tórax e a cabeça dos homens em ângulo perpendicular (reto). Segundo Bicudo, é prova de que policiais e criminosos estavam no mesmo nível e não houve confronto. "Se você está dentro de um ônibus e as pessoas fora, os tiros sairiam em ângulo agudo", disse o vice-prefeito.
Dos disparos, 21,3% atingiram a cabeça, 18% o tórax e 14,7% os membros superiores. Algumas lesões dos membros superiores estavam no antebraço, um indicativo de que a vítima poderia estar em posição de defesa.
Bicudo afirma ter obtido também um depoimento de inquérito policial que investiga o caso em que um PM diz ter entrado no ônibus que fazia parte do comboio portando um escudo. "Ninguém entra em um ônibus se as pessoas estão atirando", disse. "Isso destrói qualquer afirmativa de que houve encontro entre polícia e bandido. O que houve foi uma ação para matar."
A análise do legista diz ainda que os laudos do Instituto Médico Legal têm "falhas insanáveis", como ausência do número e localização dos disparos em algumas vítimas. Três projéteis não foram retirados dos mortos. O diretor-geral do IML, José Jarjura Jorge, disse que analisará as críticas hoje para poder falar do assunto.



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