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DIREITOS HUMANOS
Para Hélio Bicudo, análise mostra que os 12 criminosos que estavam em ônibus não morreram em confronto
OEA receberá laudo sobre ação contra o PCC
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-prefeito de São Paulo,
Hélio Bicudo, deve encaminhar à
Câmara dos Deputados e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos) laudo do legista Nelson Massini sobre a morte dos 12 integrantes da
facção criminosa PCC no dia 5 de
março na rodovia senador José
Ermírio de Moraes (a Castelinho).
Bicudo, que preside o Centro
Santo Dias de Direitos Humanos
da Arquidiocese de São Paulo,
concluiu, a partir do laudo de
Massini, que os homens da facção
foram "executados" pela polícia.
Os membros do PCC (Primeiro
Comando da Capital) viajavam
em um comboio de seis veículos,
entre eles um ônibus. Um soldado
da PM ficou ferido durante a ação.
Segundo a polícia informou na
época, a operação evitou um roubo de R$ 28 milhões.
A PM alegou que as mortes
ocorreram durante o confronto.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou ontem que "a polícia só
reagiu e descarta qualquer tese de
execução".
O legista, professor da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro), aponta na conclusão do
laudo que a maioria dos tiros atingiu o tórax e a cabeça dos homens
em ângulo perpendicular (reto).
Segundo Bicudo, é prova de que
policiais e criminosos estavam no
mesmo nível e não houve confronto. "Se você está dentro de
um ônibus e as pessoas fora, os tiros sairiam em ângulo agudo",
disse o vice-prefeito.
Dos disparos, 21,3% atingiram a
cabeça, 18% o tórax e 14,7% os
membros superiores. Algumas lesões dos membros superiores estavam no antebraço, um indicativo de que a vítima poderia estar
em posição de defesa.
Bicudo afirma ter obtido também um depoimento de inquérito
policial que investiga o caso em
que um PM diz ter entrado no
ônibus que fazia parte do comboio portando um escudo. "Ninguém entra em um ônibus se as
pessoas estão atirando", disse.
"Isso destrói qualquer afirmativa
de que houve encontro entre polícia e bandido. O que houve foi
uma ação para matar."
A análise do legista diz ainda
que os laudos do Instituto Médico
Legal têm "falhas insanáveis", como ausência do número e localização dos disparos em algumas
vítimas. Três projéteis não foram
retirados dos mortos. O diretor-geral do IML, José Jarjura Jorge,
disse que analisará as críticas hoje
para poder falar do assunto.
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