São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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Baleado em assalto, garoto escapa por 2 cm

Pai reagiu e tentou tirar a arma do criminoso, que disparou; bala atingiu o supercílio direito do menino de quatro anos

Segundo médico, ferimento foi muito próximo de estruturas cerebrais e poderia ter provocado a morte ou deixado seqüelas graves


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

RACHEL AÑÓN
DA AGÊNCIA FOLHA

Um menino de quatro anos foi baleado de raspão na cabeça, anteontem à noite, depois que seu pai reagiu a uma tentativa de assalto, no Sacomã, na zona sul de São Paulo. Fábio Martins Botelho foi ferido no supercílio direito, passou por cirurgia e não corre risco de morte. Em situações como essa, a polícia recomenda à vítima não reagir.
O médico Fábio Azevedo de Almeida, que operou o garoto no Hospital São Camilo, disse que o menino escapou da morte por um a dois centímetros.
"Ele teve muita sorte. O ferimento foi muito próximo ao olho e também de estruturas cerebrais. Um desvio de trajetória de poucos centímetros poderia ter ocasionado uma perda de visão, uma lesão encefálica grave ou até o óbito."
Fábio deve ter alta amanhã. Ele não terá seqüelas.
Segundo o delegado Celso Marchiori, do 26º DP, o técnico em enfermagem Armando Soares Botelho, 32, pai do menino, quis tirar a arma de dois homens que invadiram a garagem de sua casa por volta das 21h30, quando ele havia acabado de estacionar seu Fiat Palio.
Botelho disse que os ladrões pretendiam roubar seu carro e objetos do imóvel. O menino dormia no banco traseiro.
Segundo o relato do pai, sua mulher, a auxiliar Elaine Cristina Mota Martins, 30, perguntou aos criminosos se queriam o carro e disse que precisava tirar o menino do veículo. Nesse momento, conforme Botelho, os bandidos disseram que queriam entrar na casa.
"Eu expliquei que não dava para entrar naquele momento porque tinha um alarme e era preciso desligá-lo. Nessa hora, o bandido falou que quem mandava ali era ele e me deu uma coronhada na cabeça com o cabo do revólver", disse.
Botelho contou que pôs a mão na cabeça após levar a coronhada. "Achei que tinha sangrado." Conforme seu relato, o bandido bateu pela segunda vez com a arma em sua cabeça, dessa vez com o cano. "Aí eu senti o cano do revólver e o segurei."
Ele e o criminoso entraram em luta corporal. "Eu continuei a segurar o cano e tentava tirar a arma dele. Foi quando ele puxou o revólver para baixo e apertou o gatilho."
O disparo acertou a parede da casa, ricocheteou no teto, estilhaçou o pára-brisa dianteiro do Pálio e atingiu a testa de Fábio, que estava no colo da mãe, no banco do carona.
"Até então eu não sabia que a bala tinha atingido meu filho", disse Botelho, que contou ter sido agredido pelo outro bandido com um tijolo. "Ele me acertou na cabeça, nos braços e nas pernas para eu soltar a arma."
Os bandidos, que não usavam máscaras, recuperaram a arma e fugiram a pé, sem levar nada.


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