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Nova regra proíbe cigarro dentro do HC
Ação antifumo, que começa a partir de sexta, também vale para as dependências da Faculdade de Medicina da USP
Quem desrespeitar a norma pode ser multado em
R$ 560; hospital criou 186 novas vagas para tratar dependentes do tabaco
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir da próxima sexta, o
cigarro está proibido dentro
Hospital das Clínicas de São
Paulo e da FMUSP (Faculdade
de Medicina da USP). Os infratores estarão sujeitos à multa
de 37,59 Ufesp (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo),
cerca de R$ 560. Funcionários
da limpeza e da segurança foram treinados para abordar o
fumante e denunciá-lo.
Desde maio já vigora uma lei
estadual que proíbe o fumo em
bancos, hospitais, escolas, faculdades e repartições públicas. Mas só agora a Faculdade
de Medicina da USP -a qual o
HC está vinculado- decidiu
adotar o rigor antifumo.
Hoje, é comum médicos, estudantes, pacientes e funcionários fumarem nas dependências do hospital. A Folha percorreu o prédio ontem e viu bitucas de cigarro em banheiros,
perto da lavanderia, da manutenção e nas escadas do prédio
dos ambulatórios.
Um médico do HC que pediu
anonimato disse que há colegas
("muitos professores-doutores") que fumam nos consultórios e se recusam a parar. "Se
acham intocáveis, donos da sala. Vai ser uma briga boa."
Os únicos setores da USP
considerados "ambientes totalmente livres do tabaco" são o
InCor (Instituto do Coração) e
o Hospital Universitário. A
proibição faz parte de uma política de prevenção e combate
ao tabagismo que a FMUSP
inicia no dia 29, Dia Nacional
de Combate ao Fumo.
Além do veto ao cigarro, o
hospital criou 186 novas vagas
para tratar dependentes do tabaco. "A idéia não é só punir,
mas sim conscientizar, oferecer recursos para quem deseja
parar de fumar", explica o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, presidente do Grea
(Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas) do
Instituto de Psiquiatria do HC.
Para Andrade, o HC, como o
maior complexo médico da
América Latina, tem obrigação
de dar o exemplo na luta contra
o tabaco. "Se não conseguirmos, dificilmente vamos convencer os outros."
Ao menos cinco áreas médicas -psiquiatria, cardiologia,
pneumologia, oncologia e clínica médica- estão envolvidas
na política. Segundo Andrade,
haverá a uniformização do
atendimento e a padronização
dos remédios usados no tratamento do tabagismo.
A cardiologista Jaqueline
Issa, coordenadora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do InCor, afirma que
uma boa notícia da política
antitabagista é que os pacientes atendidos no HC não precisarão mais arcar com o custo
dos medicamentos.
Issa também vê resistências
no HC para a implantação da
política, da mesma forma que o
InCor enfrentou em 1993,
quando baniu o cigarro de suas
dependências. "Hoje, a prevalência de funcionários fumantes [no InCor] é menos de 10%.
Há dez anos, era de 25%."
Outra novidade da política é
que o tema tabagismo também
vai para a grade curricular da
FMUSP, tanto no curso de medicina como nos outros oferecidos pela instituição.
Segundo Issa, ainda é grande
o desconhecimento por parte
dos profissionais de saúde em
relação aos métodos eficazes
para o tratamento da doença.
Na sexta, a partir das 14h, a
FMUSP realizará um fórum
sobre políticas antitabágicas. O
evento é aberto ao público.
Mais informações:
www.grea.org.br/vocemed/
Programacao-evento-29.pdf
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