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Laudo do IC descarta fatalidade como causa de cratera
Peritos indicam 5 causas, além de fatores contribuintes, para a tragédia no metrô de Pinheiros, onde 7 pessoas morreram
Relatório aponta seqüência
de explosões e falta de
reforço em paredes do túnel;
consórcio Via Amarela e
Metrô não comentaram
KLEBER TOMAZ
ALENCAR IZIDORO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo concluiu
seu laudo sobre a abertura do
buraco do metrô de Pinheiros e
descartou que a tragédia tenha
sido resultado de uma fatalidade, como os pareceres do Consórcio Via Amarela indicam.
O laudo do órgão da Polícia
Técnico-Científica tem 193 páginas, 400 fotos e mil documentos anexados. Conforme a
Folha apurou, aponta cinco
"causas preponderantes" e um
leque de "fatores contribuintes" para a cratera. Não traz, assim, um motivo único para levar ao acidente que deixou sete
mortos em janeiro de 2007.
Na lista das causas estão a seqüência de explosões para a
abertura do túnel no solo de
"rocha podre" -mesmo depois
do rebaixamento do terreno.
O IC também considerou
que, se as construtoras tivessem reforçado as paredes do túnel após os sinais de instabilidade, a cratera poderia ter sido
evitada. O consórcio não concluiu a instalação de tirantes
(estruturas de sustentação).
Peritos do IC que trabalharam na investigação relataram
à Folha duas situações que resvalam em decisões do governo
estadual -embora não as tenham incluído como causas.
Uma delas é a escolha do modelo de contrato, conhecido como "turn key" (chave na mão,
numa tradução livre), que delega mais autonomia às empreiteiras. A outra, a profundidade
da escavação. Para os peritos,
se fosse 20 metros mais baixa, a
característica do solo seria melhor e os riscos, menores.
Mesmo diante do terreno
ruim, ressalvaram, há tecnologia suficiente para escavação
no tipo de solo encontrado.
Os fatores citados pelo IC são
semelhantes às conclusões do
relatório do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas). Contratado pelo Metrô e divulgado
em junho, ele não fez críticas
diretas ao tipo de contrato, mas
citou problemas na fiscalização
da obra, a cargo da companhia,
e na qualidade do material.
O promotor Arnaldo Hossepian disse que não recebeu cópia do novo laudo, mas, a partir
de conversa com peritos do IC,
afirmou estar satisfeito porque
as conclusões da polícia e do
IPT devem coincidir em 80%.
Via Amarela e Metrô disseram desconhecer os resultados
do IC e não se manifestaram.
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