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SAÚDE
Para endocrinologista, dieta brasileira, que inclui também salada e carne, é a ideal para manter o peso e a saúde
Melhor dieta é o "arroz com feijão"
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Arroz, feijão, salada e um bife
costumam ser o prato do dia mais
barato no boteco da esquina. A receita é também a melhor para
quem quer perder ou manter o
peso e cuidar da saúde. A combinação é tão adequada que a Sbem
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) está encaminhando ao Ministério da Agricultura um pedido de socorro:
"Salvem nosso arroz com feijão".
A dieta brasileira está sendo
ameaçada por uma enxurrada de
fórmulas para emagrecer depressa. "O Brasil tem a maior variação
de frutas, verduras, legumes e cereais do mundo. Se nada for feito,
em 30 anos, nossa prática alimentar estará deformada, desperdiçando o que temos de melhor."
O alerta é da endocrinologista
Valéria Guimarães, presidente da
Sbem, que há um mês chamou a
atenção do presidente Lula e do
primeiro escalão do governo para
os riscos que corriam ao adotar a
dieta de Robert Atkins, baseada
em proteínas, ovos, bacon e carne
vermelha. "Há 53 anos a Sbem repete que não há dieta milagrosa
nem medicamento para a obesidade", diz Guimarães.
É sobretudo no início do verão,
quando as pessoas redescobrem o
corpo, que as dietas da moda reaparecem. Dieta das sopas, da lua,
do grupo sanguíneo, dos hormônios, dos pontos, das proteínas,
do abacaxi, do Mediterrâneo.
Nunca o consumidor se viu tão
tentado e abordado por tantas
fórmulas para perder peso. E
nunca os riscos do excesso de peso foram tão lembrados. Só para
recordar -ou assustar: 70% dos
brasileiros vivem acima do peso,
80 mil morrem por ano de enfermidades decorrentes da obesidade e o país gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com essas doenças.
Há também as vítimas do falso
excesso de peso, que se acham
mais gordas do que são. Pesquisa
com 3.152 estudantes de dez escolas particulares cariocas de ensino
médio revelou que 75% estão insatisfeitos com o próprio corpo.
"Ainda impera a crença de que ser
magro significa ter sucesso", diz a
médica Paula Melin, autora da
pesquisa e do Núcleo de Tratamento de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra) da Santa
Casa do Rio (veja sites na página).
Começa, então, a corrida às
"dietas da moda", fórmulas que
prometem resultados rápidos e
que, além de riscos para a saúde,
desaparecem no verão seguinte.
"O brasileiro está trocando o hábito saudável do feijão com arroz
pelo hambúrguer, salsicha e fritas", diz o médico Walmir Coutinho, vice-presidente da Flaso (Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade). "A obesidade vem crescendo mais entre
crianças e pobres."
Apelo mundial
A preocupação com a "transição nutricional" é tão grande que
a Organização Mundial da Saúde
coordenará, em novembro, no
Rio, o Fórum Global para Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
"O fórum lançará uma campanha
mundial para o consumo de frutas e verduras", diz Anelise Rizollo, da área de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Para quem assalta geladeiras, já
tentou todas as dietas e não "consegue fechar a boca", como sugeriam nossas avós, a esperança está
nas pesquisas. Na longa lista de
fórmulas, uma delas se apresenta
como a mais antiga desenvolvida
em laboratório. Trata-se do programa de reeducação alimentar
Sanavita, desenvolvido há 20 anos
pela equipe da professora Jocelem
Mastrodi Salgado, titular de nutrição humana da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz), da USP, em Piracicaba.
A diferença -diz sua criadora- é que a adesão é facilitada
por um complemento alimentar
de baixas calorias que garante a
sensação de saciedade e complementa as necessidades do organismo. "Há uma redução do peso,
diminuição do colesterol, uma
melhora na pele, no sono e na disposição física", diz Jocelem Salgado. O complemento, à base de
proteínas vegetais, é adicionado a
uma variedade de receitas. "A fome é a maior responsável pelo
abandono dos regimes", diz a
pesquisadora. Para testar seus benefícios como alimento funcional
-contra a osteoporose, distúrbios da menopausa e doenças cardiovasculares-, o Sanavita deverá em breve ser submetido a ensaios clínicos em universidades.
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