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Prefeitura se retrata por ter apagado grafite em SP
Roteiro mostra grafites espalhados pela cidade
JULIANA NADIN
GUSTAVO FIORATTI
DA REVISTA DA FOLHA
Depois de conquistar território em salas de museus e galerias de arte, desenhando também um trajeto internacional
com apoio de multinacionais e
instituições estrangeiras, os
grafiteiros paulistanos marcaram, na semana passada, mais
um gol de placa. A Prefeitura de
São Paulo se dobrou ao erro
que vem cometendo há anos.
O time dos grafiteiros virou o
placar dessa partida quando o
prefeito Gilberto Kassab chamou para uma conversa, realizada no último dia 16, a dupla
osgemeos, formada pelos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo. Dois dos mais reconhecidos
artistas da cidade, os irmãos estão atualmente com um trabalho na fachada da Tate Modern
de Londres, um dos museus
mais importantes do mundo.
O bate-papo foi uma espécie
de pedido de desculpas pelo ato
cometido no último dia 3,
quando o programa Cidade
Limpa apagou um mural de
680 m que coloria a avenida 23
de Maio. Lá estavam reunidos
trabalhos de Nina Pandolfo, osgemeos, Vitché e Herbert Baglion, entre outros nomes que
fazem a história do grafite em
São Paulo.
Para a prefeitura, o fato foi
acidental. "A empresa contratada para pintar a cidade não é
um curador de arte em grafite",
justificou-se o secretário Andrea Matarazzo, da Coordenação das Subprefeituras. "O pintor não sabe diferenciar um
trabalho que tem valor de um
que não tem." Para se retratar,
a prefeitura encomendou um
novo projeto aos dois artistas,
um painel que deve ocupar o
mesmo espaço. Não há data
prevista para que o projeto seja
colocado em prática.
Segundo Matarazzo, a solução para evitar que esse tipo de
erro se repita seria a elaboração
de uma lista de locais reservados a pinturas do gênero. Quem
escolheria esses lugares seriam
os próprios artistas. "Com essa
lista em mãos, podemos controlar melhor os espaços que
vão ou não ser pintados", explica o secretário. "O grafite de
São Paulo é muito bonito. Tem
cores e desenhos muito interessantes", completou.
Pixações
Já pichações e outras intervenções classificadas como
vandalismo continuam sendo
apagadas, segundo o secretário.
Podem ser caracterizadas como crime ambiental pelo artigo
68 da Lei 9.605/98 da Constituição Federal.
O problema é estabelecer limites entre os dois tipos de atividade. Uma antiga questão, revisitada recentemente pelo caso do estudante de artes do
Centro Universitário Belas Artes, Raphael Guedes Augustaitiz, expulso no último dia 18 por
ter pichado, com a ajuda de um
grupo de 40 amigos encapuzados, as paredes da escola. O ato
foi apresentado por Raphael
como trabalho de fim de curso.
A reportagem traçou um trajeto pelos seis pontos da cidade
que foram melhor ocupados
pelos grafiteiros.
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