São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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Novo Enem foi feito com pressa, diz docente

Para pesquisador de universidade federal mineira, pressa na ampliação do exame ajuda a explicar série de problemas

Soares afirma que banco de questões para a prova nacional precisa de tempo para ser criado e alimentado

DE SÃO PAULO

A "pressa" do Ministério da Educação em expandir o Enem é a principal explicação para problemas no exame, diz o pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, Tufi Machado Soares, um dos maiores especialistas em avaliação do país.
Em 2009, após menos de um ano de discussões, o ministério decidiu criar um sistema que usa a prova como seleção de vagas em universidades federais. Até então, a principal função do Enem era avaliar os formandos.
Para isso, foi necessário aumentar o número de questões de 63 para 180 e passar a se preocupar com assuntos como sigilo e segurança.
"Se o MEC preparasse a mudança por três ou quatro anos, e começasse com um banco já com umas 10 mil questões por disciplina, os riscos seriam menores", disse o professor da universidade mineira. O Enem avalia 15 componentes curriculares e hoje possui 20 mil questões em seu banco. O MEC não se pronunciou sobre as declarações. (FÁBIO TAKAHASHI)

 

Folha - Como o sr. avalia a antecipação das questões feita pelo colégio no Ceará?
Tufi Machado Soares -
Pode ter havido roubo deliberado da prova inteira ou problemas no pré-teste, o que acho mais provável. Este é o momento mais vulnerável dos exames, talvez por deficiência na fiscalização.
Mas o principal problema foi a pressa para a mudança do Enem. Deveria ter levado três ou quatro anos.
Se já começasse com um banco de questões maior, com uns 10 mil itens por disciplina, não precisaria testar a questão em um ano para aplicar já no outro.

É muito difícil aumentar o banco de questões do Enem?
O serviço público tem entraves burocráticos complicados. Mas prejudicou também a constante troca de presidentes do Inep [a atual é a terceira em dois anos].

O Inep terá de mudar algo após o problema no Ceará?
Terá de melhorar a segurança no pré-teste.


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