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PF vai investigar morte de índia em Brasília
Participação foi requisitada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e pela Funai (Fundação Nacional do Índio)
Ministro da Justiça classifica crime como "barbárie"; entre os suspeitos estão outros índios, funcionários e servidores de casa de apoio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal também vai
participar das investigações da
morte da índia Jaira Xavante,
16, ocorrida na última quarta-feira. A jovem morreu no Hospital Universitário de Brasília,
com hemorragia e infecção
causadas por empalação.
"[A PF] Vai investigar rigorosamente e, quando estiver
pronto o processo, leva ao MP
[Ministério Público], à Justiça,
para que uma punição devida e
compatível com a barbárie que
o crime representa seja dada",
afirmou o ministro da Justiça,
Tarso Genro, ao ser questionado sobre a participação da PF.
Segundo ele, o órgão fará em
relação ao caso "a mesma coisa
que a PF faz em relação a todos
os delitos que estão sob a sua
competência".
A participação da PF foi requisitada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde) -responsável pelo local onde a índia
estava hospedada para tratamento e onde o crime ocorreu- e pela Funai (Fundação
Nacional do Índio).
"Cabe à Funai dar todo o suporte à família da jovem e providenciar o apoio jurídico necessário com a Funasa. Estamos trabalhando para apurar o
que ocorreu. A Polícia Federal
vai proceder com o inquérito
para que os culpados sejam punidos", disse o presidente da
Funai, Márcio Meira, segundo
a Agência Brasil.
A Polícia Civil do Distrito Federal, que vem conduzindo as
investigações, e a Funasa informaram ontem que, por ora, 56
pessoas devem ser tratadas como suspeitas da morte da índia.
Portadora de uma lesão neurológica grave, a adolescente,
que não falava nem andava, começou a passar mal, na última
quarta-feira, na Casa de Apoio à
Saúde Indígena, no Gama, cidade-satélite de Brasília, onde estava desde o final de maio.
Os 56 suspeitos da polícia são
justamente aqueles que estavam na casa de apoio, na última
terça-feira. Entre eles, há índios, em sua maioria, além de
servidores e funcionários de
cozinha e limpeza. Tanto a polícia como a Funasa dizem que
nenhum estranho entrou naquele dia na casa de apoio.
Informações do IML (Instituto Médico Legal) apontam
que a adolescente sofreu uma
perfuração por via anal, por
meio de um instrumento não
identificado de cerca de 40 cm.
Além disso, o IML encontrou
indícios de violência sexual.
Ontem, a chefe da casa de
apoio do Distrito Federal, Elenir Coroaia, disse, de forma
ponderada, que não pode ser
descartada a possibilidade de a
adolescente ter sido vítima de
um ritual indígena. "[Essa possibilidade] não pode ser descartada. Todas as possibilidades
estão abertas."
Segundo Elenir, nunca houve
um caso como esse no local.
Questionado pela reportagem sobre a possibilidade de ritual, o delegado responsável
pelo caso, Antônio José Romeiro, disse: "Não tenho nenhuma
base fática sobre isso".
Uma das médicas que prestou socorro a Jaira no Hospital
Universitário disse que costuma atender índios da etnia xavante, mas que nunca tinha visto um caso de violência como o
da menina. "Quando cheguei,
ela já estava com o quadro bem
grave, vomitando e com nível
de consciência bem alterado",
afirmou Rafaela Mendes, residente de pediatria do hospital.
Ontem, o corpo da índia foi
levado para Campinápolis
(MT), onde ela vivia com a família, na aldeia São Pedro. A
mãe e uma tia, que faziam companhia a ela na casa de apoio,
serão ouvidas pela polícia na
semana que vem.
(LETÍCIA SANDER, JOHANNA NUBLAT E EDUARDO SCOLESE)
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