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Mais 13 bebês morrem em Santa Casa no PA
Mortes na maternidade aconteceram entre segunda e terça; outros 12 recém-nascidos haviam morrido no fim de semana
Santa Casa e governo do Pará, responsável pelo hospital, não confirmaram as 13 mortes, que constam em documento de cemitério
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Pelo menos mais 13 bebês
morreram na maternidade da
Santa Casa de Belém entre segunda e terça-feira, segundo as
guias de falecimento de um cemitério da cidade. O hospital já
tinha registrado a morte de 12
recém-nascidos no último final
de semana.
A Santa Casa e o governo do
Pará, responsável pelo hospital,
não confirmaram as 13 mortes.
Os óbitos do final de semana já
haviam sido reconhecidos pelo
governo, que disse que eles
ocorreram devido a uma concentração incomum de casos
graves, de bebês prematuros e
com doenças congênitas.
Segundo os registros do cemitério municipal Tapanã,
houve sete mortes de crianças
na Santa Casa na segunda-feira
e seis na terça. Segundo Laércio
Santana, funcionário da administração do cemitério, as guias
são produzidas a partir de laudos da Santa Casa, registradas
em cartório e, depois, exigidas
para o sepultamento.
Os 13 bebês foram enterrados no dia 24 ou ontem. Por ser
público, o cemitério costuma
receber corpos de bebês mortos no hospital estadual, já que
as mães em muitos casos são do
interior do Pará e não têm dinheiro para o sepultamento.
"Isso é comum. Teve semana
que chegou a ter 22 bebês da
Santa Casa para enterrar aqui",
afirmou Santana.
Em duas das 13 guias do cemitério não consta a idade do
bebê, o que pode significar que
houve aborto ou que a criança
já nasceu morta.
Pedidos de confirmação
Por volta das 16h30 de ontem, a Folha pediu à Secretaria
da Saúde do Estado uma confirmação sobre as novas mortes. Duas horas depois, uma assessora afirmou que não haveria tempo hábil para isso, pois a
titular da pasta, Laura Rossetti,
não estava na secretaria e teria
que conversar antes com o diretor da Santa Casa.
A Santa Casa, por meio de
sua assessoria, informou que
nenhum médico ou diretor poderia confirmar as 13 mortes.
Às 18h, a reportagem ligou novamente, mas ninguém atendeu. Reforçou o pedido por e-mail, mas não houve resposta.
Em nota, a direção do hospital informou apenas que "não
há alterações no número de
óbitos da neonatologia esta semana e que números parciais
não serão divulgados".
"Isso é uma tragédia anunciada", disse o promotor Ernestino Pantoja, que investiga
a situação da maternidade. "As
autoridades têm sido omissas,
para dizer o mínimo."
Segundo o Ministério Público, o principal problema da
unidade é a superlotação, agravada pela falta de médicos e de
equipamentos e pela deterioração da estrutura do prédio.
Relatório produzido há oito
meses pelos pediatras da instituição já relatava que "a infra-estrutura não comporta as necessidades da clientela, existe
falta freqüente de material, como incubadoras para alojar
prematuros e [bebês] de baixo
peso, falta de monitores [...], de
aparelho de dosar glicemia,
mantas e lençóis".
O coordenador da pediatria
do hospital, Benedito Maués,
disse nesta semana que o maior
problema é a falta de atenção
básica às grávidas, como o pré-natal. Sem isso, afirmou, muitos bebês já nascem com doenças graves.
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