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EDUCAÇÃO
Levantamento, realizado pelo Datafolha, mostra que opinião de pais contraria idéias generalizadas sobre o setor
Pesquisa derruba "achismos" sobre escola
DÉBORA YURI
DA REVISTA
No Brasil, educação é terra de
"achismos". Todo mundo acha
que a escola pública é ruim, que a
particular é cara e que a mensalidade é fundamental na hora de
escolher a instituição. Mas uma
pequisa inédita, realizada pelo
Datafolha neste mês, mostra que
os pais com filhos em colégios da
cidade contrariam a maioria desses pressuspostos.
Com base na pesquisa, a Revista mapeou a situação da escola
paulistana e dividiu em quatro
partes. Na primeira, são abordados os critérios utilizados pelos
pais na hora de escolher o colégio
dos filhos. A segunda e a terceira
enfocam a questão financeira
-os preços da mensalidade, o
peso dela no orçamento familiar e
o que acontece quando a crise
econômica se materializa. Na última, as famílias avaliam a qualidade das escolas e dizem quais são
os motivos que poderiam forçar
uma troca de instituição.
Escolha
Rasgue o primeiro livro o pai ou
mãe que nunca teve dúvida na hora de escolher a escola de um filho. Que critérios são mais importantes? Quais não se deve levar em
conta?
Segundo a pesquisa, a qualidade
da escola é o item mais importante para os pais que têm filhos na
rede particular (43%). Os que optaram por colégios públicos
apontam a localização como o
principal critério (38%).
Famílias cujos filhos estudam
em colégios privados citaram
também, quase com o mesmo peso de importância, a qualidade
dos professores (10%), a indicação de amigos (9%) e a localização
(8%). A quinta posição para o valor da mensalidade, critério que
só foi o mais importante para 7%
dos entrevistados, mostra que
quem pode pagar uma escola particular valoriza o ensino e não se
importa em gastar com educação.
"Essa ordenação de critérios reflete mais um idealismo platônico
do que a realidade. A linha pedagógica, que é o mais importante,
só é eleita prioridade nas camadas
mais intelectualizadas", avalia o
psicólogo José Ernesto Bologna,
55, consultor de escolas e presidente da Ethos Desenvolvimento
Humano e Organizacional.
Além do projeto pedagógico,
Bologna enumera como itens
mais importantes o corpo de professores e o que chama de "confortos para a família": mensalidade adequada às possibilidades e
distância de casa. "Computadores, biblioteca e laboratórios são
importantes, mas não tanto
quanto os professores."
Para a psicopedagoga Raquel
Caruso Whitaker, 42, que faz
workshops de como escolher a escola na clínica CAD (Centro de
Aprendizagem e Desenvolvimento), o mais difícil é conseguir agradar a todas as gerações da família.
"Um erro comum é o pai optar
pelo colégio em que gostaria de
estudar sem levar em conta o perfil do filho", diz. Ela afirma que a
decisão deve ser "combinada".
"Os pais também devem achar a
sua "tribo". A escola deve se encaixar nos moldes da família."
Para as famílias com filhos na
rede pública, bons professores
(15%) e segurança (14%) são itens
que vêm logo abaixo da localização (38%) em importância. A
qualidade da escola aparece em
seguida (10%). A diferença entre
pais da rede particular e da pública é nítida também quando se enfoca o fator "amigos": entre os
primeiros, 71% falaram com eles
antes de fazer a escolha, contra
48% dos últimos.
Maria Silvia Bonini, 56, do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária), diz que a chave de
uma boa escola pública é o diretor, que deve manter uma relação
próxima com os pais. As famílias,
segundo Bonini, também "precisam complementar a educação da
criança, oferecer a ela recursos como leitura e inglês". O item mais
marcante para a escolha dessas famílias, a localização, pode ser
educativo para os jovens, completa. "É bom deixar que eles circulem pelo bairro, vendo o que
ocorre no mundo real."
Colaborou VERÔNICA FRAIDENRAICH
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