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RONILDA MARIA LIMA NOBLAT (1940-2008)
Advogada que barrou a pena de morte
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se Theodomiro dos Santos
ficou famoso por ser o primeiro brasileiro condenado
à morte na era republicana, a
advogada Ronilda Noblat virou ícone por tê-lo defendido
-e assim salvado sua vida.
"Os olhos diziam tudo", diz
o estagiário admirador. "Faziam gente tremer na base."
Quando entrava no tribunal
de saia longa, echarpe colorida e "cheia de jóias", o cheiro
do perfume Amarige de Givenchy tomava conta da sala,
a prenunciar o embate. "Entrava numa audiência como
numa frente de batalha."
Também podia. Nas rodas
de conversa sempre surgia a
história do pai, delegado que
andara no encalço dos cangaceiros de Lampião no sertão,
dizia, até dar cabo dos crimes. A filha seguia de longe a
morar em toda Bahia, desde
a Paripiranga onde nasceu
até a Salvador onde vivia.
"Das irmãs era a que não
saía de casa, para estudar direito", diz a filha. Formada
em 1965, começou defendendo ex-colegas acusados
pelo novo regime. Mulher rígida, que "para enfrentar a
ditadura, criou uma armadura". Aceitou o caso de Theodomiro, comunista acusado
de assassinato a criar um
partido proibido e condenado à morte pelo tribunal militar. Foi com Ronilda que teve a pena reduzida a "só 16
anos, seis meses e 25 dias".
Viúva, tinha três filhos,
seis netos e, no currículo,
500 casos defendidos e a Comissão de Anistia. Morreu
no último domingo, de insuficiência respiratória, aos 67.
Mas só após dizer que "não
admitia" que deixassem seu
escritório fechar.
obituario@folhasp.com.br
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