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Brasileiro é morto pela polícia nos EUA
Polícia de Massachusetts diz que ele não parou em blitz; rapaz foi atingido antes que pudesse se explicar, afirma a mulher dele
André Martins, 25, foi atingido no coração e no pulmão ao ser cercado; policial parou na janela e começou a atirar, diz a mulher
MÁRCIA SOMAN MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE
Um brasileiro foi morto a tiros anteontem pela polícia de
West Yarmouth, no Estado de
Massachusetts (EUA), ao não
parar o carro em uma blitz. A
mulher dele afirma não ter havido tempo de parar e que um
policial começou a atirar antes
que houvesse tempo para que o
rapaz se explicasse.
O caso ocorreu por volta de
1h de domingo (0h em Brasília).
O pintor André Martins, 25,
acelerou ao passar por um carro que patrulhava a cidade de
Hyannis, segundo a polícia local. O carro passou a sinalizar
para que Martins parasse, mas
policiais disseram que ele não
obedeceu à ordem.
De acordo com a polícia,
Martins entrou com o veículo
numa avenida e deu de frente
com uma blitz. Tentou voltar,
mas ficou cercado.
O policial Christopher Van
Ness, 34, então, "deu alguns tiros" em direção ao brasileiro,
segundo um comunicado da
polícia de West Yarmouth.
Atingido por um único tiro
no coração e nos pulmões, Martins foi socorrido, mas morreu
ao chegar ao hospital de Cape
Cod, próximo a Hyannis.
"Isso foi assassinato, eles atiraram à queima-roupa", afirmou Camila Campos Miranda,
mulher de Martins.
"Como viu que não ia conseguir parar a tempo, o André virou o carro. O policial que bloqueou a rua desceu do veículo,
apareceu na janela aberta e começou a atirar. Foram três tiros contra ele", disse Camila.
Ela também estava no carro.
O casal, afirmou ela, voltava de
um restaurante quando passou
pelo carro de patrulha. Eles estavam a 3 km de casa.
Sem defesa
Para Camila, o marido não
teve chance de se defender ou
de se explicar antes de ser morto a tiros. "Eles não pediram
para pararmos nem para descermos do carro. Ele [o policial]
só não acertou em mim porque
eu abaixei no banco." Ela trabalha em um consultório médico.
O casal tem dois filhos, de
dois e seis anos, que haviam ficado em casa na madrugada em
que o brasileiro foi morto.
Martins estava nos Estados
Unidos desde 2001. De acordo
com a família, ele chegou ao
país com visto de turista, mas
depois passou a viver em situação ilegal.
Maconha
Segundo a polícia de West
Yarmouth, o brasileiro estava
aparentemente fumando maconha ao passar pelos policiais.
O informe dizia que Martins
foi encontrado com um cigarro
da droga na boca ao ser retirado
pelos paramédicos para ser levado ao hospital.
A mulher dele confirmou que
havia maconha, mas que ele
não fumava no momento. "Tinha maconha, mas isso não justifica atirar nele", disse Camila
à reportagem.
O pai de André, Luiz Carlos
de Castro Martins, policial da
reserva da cidade de Tapejara
(PR), disse que o filho era trabalhador e que pode ter temido
parar porque estava irregular
nos EUA. Ele criticou, porém, a
ação agressiva do policial.
"Sou policial de reserva, o policial tem que estar preparado.
Tem como anotar a placa, agir
depois é o mais certo. Não precisa correr nem metralhar ninguém. Ou atira no pneu, o carro
você recupera, a vida não."
A família quer que o enterro
do rapaz seja em Tapejara.
A polícia de West Yarmouth
afirmou que o caso está sob investigação e que a cena do crime será reconstituída com o
auxílio de uma equipe que inclui especialistas em balística.
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