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comentário
A busca da verdade da arquitetura
MARA GAMA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Joaquim Guedes é um dos
grandes nomes da arquitetura paulista. Com obras de residências, escolas, cidades,
sua produção é de extrema
qualidade formal e rigor técnico e revela um arquiteto
conectado aos aspectos materiais da produção.
De destacada atuação em
São Paulo, conquistou expressão nacional como urbanista, tendo a oportunidade
-e o prazer, imagino, por sua
notória preocupação com
detalhes e a economia industrial de uma grande da obra-
de conceber cidades inteiras,
desde o primeiro traço até
seus edifícios, como ocorreu
em Caraíba (BA), Carajás
(PA), Marabá (PA) entre
1970 e 1985.
Formado pela terceira turma de arquitetura pela
FAU/USP (1954), fez doutorado em planejamento urbano pela FAU (1972) e pós-doutorado (1988).
Aluno de Vilanova Artigas
(1915-1985), o mestre de fato
e de direito de toda a escola
paulista, Guedes trilhou caminho próprio, distanciando-se de seus contemporâneos e da influência quase
hegemônica do suíço Le Corbusier (1887-1965) e aproximando-se da arquitetura orgânica de Alvar Aalto (1899-1976). A atividade de urbanista pode ser a chave para
explicar o interesse de Guedes por Aalto. Também
orientado pela funcionalidade e a individualidade das
obras arquitetônicas, Aalto
era profundamente envolvido com o estudo do relacionamento dos edifícios com o
ambiente.
Do ponto de vista programático, Guedes se pautou
pela busca da "verdade da arquitetura", o que significa o
desnudamento completo das
estruturas nas obras, a exibição dos componentes e aspectos construtivos fundamentais e a recusa ao ornamento, ao formalismo e a aspectos cenográficos.
Na opinião do aluno e colega, mestre e doutor pela USP
e professor do Mackenzie
Gilberto Belleza, o ícone
maior da obra de Guedes é a
casa Liliana Guedes, do Morumbi, de 1968.
Apoiada nos quatro pilares
- parâmetro "clássico" da
arquitetura paulista-, tem a
estrutura em modulação, pilotis, grandes aberturas, jardins e sua concepção e obra
pautaram-se pela perda mínima de material.
Sobre Guedes, escreve
Mônica Junqueira de Camargo, para a série "Espaços
da Arte Brasileira", da Cosac
& Naify: "Um bom projeto de
arquitetura deve exprimir
conceitos e Guedes, além de
deixar clara a base conceitual
que orientou o ato criativo
(...), faz questão de evidenciar a razão que para ele todas as formas têm, sempre
relacionadas às necessidades
do dia-a-dia de atividades
humanas específicas".
MARA GAMA é gerente-geral de Qualidade
de Conteúdo do UOL e assina o Blogdesign
(http://blogdesign.blog.uol.com.br)
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