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VIDA DE CACHORRO
Donos contam que exercícios tranquilizam cães; quem não tem tempo pode optar por um "personal dog"
Animal "problema" é aluno preferencial
DA REPORTAGEM LOCAL
As escolas de agility funcionam
como uma espécie de academia
nas quais os cães entram em forma e os donos, correm pouco entre um pulo e outro do animal.
De perfis variados, os proprietários têm pelo menos duas características comuns - a maioria é sedentária e, geralmente, tem histórias como a do boxer Mike Tyson
Jr. para explicar porque decidiu
matricular o seu cão.
"Ele era agitado demais", conta
a dona-de-casa Cecília Monteiro
de Carvalho, 58, sobre o labrador
Keeper, 2. "Mas chegou um momento que não dava. Certo dia,
ele mastigou e arrancou os dois
frisos laterais do Palio da minha
filha. Foi a gota d'água", diz.
Cecília bem que desejou se desfazer de Keeper, mas decidiu inscrevê-lo na Academia Brasileira
de Formação em Agility (Abrafa),
no Tatuapé (zona leste). "Em quatro meses, ele virou outro cão."
O mesmo ocorreu com outra
aluna da academia, a rottweiler
Frida, 3, propriedade da criadora
da raça Bruna Honesco Dourado,
26. "Eu a peguei de volta com quatro meses, e ela estava uma fera.
Soube que apanhava muito, e essa
era a razão. O cão morde por medo. Não adianta ter um animal
desses e deixá-lo abandonado no
fundo do quintal", diz Bruna, sob
os olhares tranquilos da cadela.
A proprietária da Abrafa, a
"educadora canina" Betina Correia, 37, é uma das primeiras profissionais a treinar agility no país e
exige seriedade no hobby. "Explico logo que aqui não é só para gastar a energia do cão ou para fazer
xixi e cocô. O trabalho de adestramento é sério e necessário para os
animais, que cada vez mais vivem
em apartamentos", considera.
Campeonato mundial
Inventado na Inglaterra em
1978, o agility chegou ao país há
cinco anos. Na primeira e única
competição oficial, realizada em
1998, havia cerca de 20 cães. Hoje,
há uma prova por semana, com
aproximadamente cem animais
inscritos em cada uma.
Segundo o veterinário Dan
Wroblewski, 41, coordenador do
esporte na Confederação Brasileira de Cinofilia, há cerca de mil
cães entre os que participam ou
participaram de provas da prática, 70% deles em São Paulo.
Na região metropolitana, surgiram 16 escolas oficiais em três
anos. "Além dessas, há as pistas
não-oficiais", afirma Dan.
O veterinário viaja na próxima
semana para a Alemanha, com
nove cães e seis donos que formam a equipe brasileira de agility,
para participar do campeonato
mundial. Em São Paulo, donos e
animais já se preparam para o
próximo torneio, a ser disputado
ano que vem na França.
É o caso do estudante Felipe
Stocco Minet, 15, e a border collie
Fanny, 2. "É muito legal competir", diz Felipe, que, ao contrário
da saltitante cadela, não pratica
exercícios físicos. "Jogo futebol de
vez em quando."
"Personal dog"
Além dos donos sedentários, há
aqueles que nem sequer têm tempo de levar o animal para treinar.
Para esses, surgiram os "personal
dog", versão moderna do adestrador. A diferença é que este último
era do tempo em que os cachorros com o privilégio de serem treinados eram somente os cães de
guarda, como o pastor alemão.
"Agora, as pessoas querem cães
educados e tranquilos", afirma
Helio de Lima, 41, outro que viajará para a Alemanha. Proprietário
do Canil K9, Lima está trocando a
criação de pastores alemães por
border collies e pastores de shetland -os melhores no agility.
Segundo ele, esse esporte estimula a socialização do animal,
além de exercitá-lo. Enquanto isso, o dono alivia o estresse praticando o controle do cachorro.
"Sabe aquela história do cidadão que resolveu fazer academia
junto com o amigo? Então, geralmente acaba assim: um deles desiste e desestimula o outro. O cão
é aquele camarada que nunca vai
desistir de sair com você", afirma
o personal dog Paulo Roberto Tobias Pires, 37, que adestra cães na
praça Charles Muller (centro).
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