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SAÚDE
Sapato apertado e micose também agravam problema; para especialistas, deixá-las compridas pode aliviar dor
Corte errado provoca unha encravada
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela não chega a matar, dificilmente traz complicações de saúde
mais sérias, mas quem convive
com ela garante que a dor, às vezes, é quase insuportável. Trata-se
da unha encravada, ou onicocriptose, uma queixa de sete em cada
dez pessoas que procuram um
podólogo.
"Já cheguei a chorar compulsivamente no meio de uma festa
por causa de um pisão no pé",
afirma a estudante Eliana Alves,
22, que tem unha encravada há
dez anos.
O publicitário Heitor José Castanho, 37, que sofre do mesmo
problema, diz que já teve vontade
de "esmurrar" um amigo durante
um jogo de futebol. "Foi uma dor
fulminante. Na hora, fiquei meio
tonto, depois começou a latejar.
Tive que abandonar o jogo."
A unha encrava quando uma de
suas pontas entra na pele ao seu
redor, causando dor e inflamação.
As causas podem ser o uso de sapatos apertados nas pontas, o corte errado da unha, micoses maltratadas, traumas provocados por
sapatos e problemas anatômicos
dos pés.
Segundo os especialistas, as
unhas devem estar sempre compridas o bastante para garantir a
proteção das extremidades do hálux (o "dedão" dos pés). O corte
deve ser quadrado, e a cutícula,
apenas empurrada. Não sendo
cortadas, o seu crescimento, com
o tempo, tenderá a estacionar.
Médicos dizem que os cuidados
para evitar que a unha encrave devem começar logo depois do nascimento. Macacões com pés fechados podem ocasionar o problema nos recém-nascidos se não
forem bem folgados.
Na infância, os pais também devem evitar que os filhos usem sapatos ou tênis apertados. Embora
não seja frequente, muitas crianças podem ter problemas de unha
encravada devido à prática de esportes ou a micoses.
Entre as adolescentes, segundo
a dermatologista Ligia Kogos, está
aumentando a incidência de unha
encravada em razão do uso de sapatos de bico fino. A maioria dos
especialistas desaconselha o uso
desse tipo de sapato por causa do
trauma causado.
As unhas dos "dedões" quase
sempre encravam nos cantos. Em
situações de trauma (um pisão do
pé, por exemplo) ou de ferimento
na cutícula, por exemplo, a pele
ao redor da unha pode ficar inflamada, podendo haver a formação
de pus e de um granuloma piogênico (carne esponjosa).
Nesses casos, de acordo com a
dermatologista Denise Steiner,
conselheira da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é necessário
cauterizar o local com substâncias
químicas, eletrocoagulação ou laser. O uso de antibióticos é indicado para combater a infecção.
"É importante que a pessoa não
mexa na unha. Ficar cutucando o
local só piora", afirma Denise.
Quando a inflamação é muito
forte ou reincidente, o que ocorre
em cerca de 20% dos casos, indica-se uma cirurgia para estreitar a
unha, chamada matrisectomia.
Segundo Ligia Kogos, o procedimento consiste em retirar um
pedacinho da matriz da unha, que
fica embaixo da cutícula, para que
ela cresça mais estreita.
A cirurgia é feita com anestesia
local, aplicada na parte anterior
do dedo, que abrange uma área
maior que o local da incisão. "A
pessoa não sente nenhuma dor."
Micose
A micose das unhas tem sido relatada como importante desencadeador da unha encravada. Segundo a dermatologista Denise, o
problema acontece porque a micose provoca uma alteração anatômica da unha, ou seja, esta fica
mais grossa e com mais propensão a ferir a pele ao seu redor.
Além disso, em pacientes imunodeprimidos ou diabéticos, a
micose associada a uma unha encravada pode levar a uma erisipela, doença infecciosa contagiosa
que atinge a pele. "Se tiver micose,
tem que tratar", afirma Denise.
Embora a maioria dos podólogos e dermatologistas afirme que
o corte mais adequado das unhas
é o em linha reta, a dermatologista
Ligia Kogos diz que isso depende
da anatomia do pé e do tipo de
calçado que a pessoa está habituada a usar.
"Eu, por exemplo, uso sapato alto de bico fino até na Disneylândia", diz. Nesses casos, segundo
Ligia, é preciso cortar um pouco
dos cantos das unhas.
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