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Advogado do PCC investigado por CPI recebe aposentadoria por invalidez
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O advogado Sérgio Wesley da
Cunha, 38, defensor de um dos
líderes da facção criminosa
PCC, é funcionário aposentado
da Prefeitura de São Paulo desde outubro de 1997. O motivo
para o benefício é invalidez.
Cunha exerce a advocacia há
dois anos e meio num escritório próprio, no bairro do Limão.
Ele disse que não considera a
profissão um emprego: "Não
poderia trabalhar se fosse registrado. Não sou registrado
em nenhum escritório de advocacia. Eu faço bicos. Advogado é
um bico".
O departamento de Recursos
Humanos da prefeitura já instaurou um processo administrativo para rever o pagamento
do benefício. O advogado deverá ser chamado para explicar
sua situação e será submetido a
uma nova avaliação médica.
A presidente do Núcleo Trabalhista da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) São Paulo, Sônia Mascaro, explicou que
aposentadoria por invalidez é
concedida a quem não tem condições de trabalhar. "A continuação da prestação do serviço
desconfigura a aposentadoria
por invalidez e prova que se está apto ao trabalho. Não é o trabalho que será anulado, é a aposentadoria que será cancelada."
Cunha afirmou ter uma
doença "grave" para deixar a
função de assistente de Gestão
de Políticas Públicas, que exerceu na Secretaria das Finanças
entre 1989 e 1997 como servidor público concursado. Ele
alegou "foro íntimo" para não
revelar a doença. E garantiu
que a enfermidade permanece.
"É um direito adquirido, e não
podem cortá-lo." Ele disse usar
o dinheiro para pagar contas
pessoais.
Somente após deixar a prefeitura, ele prestou vestibular
para cursar Direito na Universidade Federal do Mato Grosso
do Sul. Estudou de 1999 a 2003
e se manteve apenas com o dinheiro da aposentadoria.
Segundo a Secretaria Municipal de Gestão, Cunha recebe
mensalmente R$ 759,89 brutos. Com o desconto da pensão
alimentícia que paga aos dois
filhos, o valor líquido da aposentadoria é de R$ 388,18.
Na última semana, Cunha teve a sua prisão decretada durante uma sessão da CPI do
Tráfico de Armas por desacato
à autoridade. Ele pagou fiança e
foi liberado.
Na CPI, é investigado por
comprar uma gravação de uma
sessão secreta. A OAB-SP instaurou um processo ético-disciplinar para apurar o caso.
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