Ela deixou o centro de ressocialização, em Rio Claro, sob os gritos de assassina

A ex-estudante obteve no STJ liminar para permanecer em prisão domiciliar até o julgamento, marcado para a próxima segunda-feira

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIO CLARO

Sob os gritos de assassina, a ex-estudante Suzane von Richthofen, 22, deixou o CRF (Centro de Ressocialização Feminino) de Rio Claro (175 km de São Paulo) ontem às 17h40 escoltada por um delegado e dois investigadores do DHPP (Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Ela deixou o CRF sem falar com os jornalistas e dentro do carro da polícia.
Foi também sob os gritos de assassina que ela chegou, por volta das 19h30, ao prédio onde mora seu advogado, Denivaldo Barni, no Morumbi, e onde cumprirá prisão domiciliar. O carro da polícia a deixou dentro do prédio. Do lado de fora, umas 50 pessoas a aguardavam. Do lado de dentro, havia fotógrafos e moradores do prédio. Com a confusão, ela e Barni tropeçaram e caíram.
Suzane é ré confessa no processo que a acusa de ter planejado e participado da morte dos pais -Manfred e Marísia-, em outubro de 2002. O crime teve a participação dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, que continuam presos
Este foi o segundo período que Suzane ficou presa. Ela havia retornado ao CRF há 47 dias, desde que teve a prisão decretada novamente.
A saída de Suzane mobilizou ainda dez PMs, que cercaram a entrada do CRF com três veículos para evitar a aproximação de jornalistas e de moradores.
A ordem de prisão domiciliar foi dada, em decisão liminar, pelo ministro Nilson Naves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), na sexta-feira passada.
O alvará foi assinado pelo juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, ontem por volta das 11h.
O documento só foi emitido após os advogados informarem o endereço onde ela ficará até a data do julgamento -que está marcado para a próxima segunda-feira, embora a defesa da ex-estudante tente desmembrar o processo para que ela seja julgada separadamente.

Julgamento
O juiz Anderson Filho afirmou ontem ter pedido a remoção dos irmãos Cravinhos, em um prazo de 48 horas, do presídio de Itirapina (213 km de SP) para alguma unidade de detenção da capital.
"É para evitar problemas; queremos garantir a data do julgamento. A remoção facilita o trabalho garantido à defesa, que estava sem acesso aos réus por causa da proibição das visitas devido aos ataques do PCC."
Cerca de 3.000 internautas estão inscritos para o sorteio de 80 vagas para assistir, na próxima segunda, o julgamento no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste).
As inscrições podem ser feitas no endereço eletrônico www.tribunaldejustiça.com.br/sorteio.htm. O sorteio acontece amanhã e os escolhidos vão receber um aviso no e-mail registrado na inscrição. Outras 220 pessoas, entre convidados, jornalistas e participantes do processo (juiz, advogados, promotores, jurados e réus), vão acompanhar o julgamento.