São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nove ruas no Ibirapuera têm sentido modificado

Alteração, pedida por moradores e por deputado, é investigada por promotor

Comunidade afirma que as mudanças no entorno do parque servem para evitar acidentes, porém medida torna difícil o acesso a bairro


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nove ruas no entorno do parque Ibirapuera (zona sul de SP) tiveram a direção mudada pela CET no último sábado. As alterações foram feitas, segundo o órgão da prefeitura, para aumentar a segurança e atender a um pedido de moradores, entre eles um deputado estadual. O Ministério Público Estadual investiga se há interesse público.
Com a medida, ficou mais difícil para quem está na avenida Ibirapuera, sentido bairro, ir em direção ao parque ou entrar no Jardim Luzitânia, área nobre na região. Só depois de passar por três ruas aparece uma entrada, no largo Mestre de Aziz. Depois dali, é preciso passar por mais três ruas até chegar à próxima que dá mão para o bairro, a República do Líbano.
Para o promotor José Carlos de Freitas, que investiga o caso, a alteração é uma forma de isolar o bairro. "Quero saber dos órgãos responsáveis qual é o interesse público, qual é a vantagem para o motorista ou para a sociedade em canalizar o trânsito na avenida Ibirapuera." Ele também apura a colocação de vasos e obstáculos para impedir a entrada de carros.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a mudança visa a "melhorar as condições de segurança e fluidez do trânsito e atender a solicitação da comunidade".
Na opinião do promotor, os moradores têm interesse em isolar o bairro para ter mais segurança e valorizar os imóveis. "Se o argumento fosse apenas segurança, todas as ruas da cidade teriam de ser fechadas."
Ontem, marronzinhos orientavam motoristas. Cavaletes e fitas foram colocadas para evitar conversões agora proibidas.
O arquiteto Mário Lorenzetti, da Sociedade de Moradores e Amigos do Jardim Luzitânia, aprovou o ocorrido. "O fechamento é positivo, evita o trânsito de passagem, que só deteriora o bairro. Somos a favor do bolsão, mas alguns moradores reclamam que têm de ir até a República do Líbano e depois voltar para chegar em casa."
Lorenzetti disse que o pedido de mudança foi feito pelo deputado estadual José Carlos Stangarlini (PSDB), morador da região. O político disse que reforçou a solicitação da sociedade e que a meta não é melhorar a vida do morador, mas evitar acidentes. Segundo ele, há ruas muito estreitas com duas mãos, onde aconteciam batidas.

Praça isolada
O promotor também apura o fechamento de um acesso da avenida IV Centenário a partir da 23 de Maio, em 2003, para permitir a ligação entre a praça Maria Helena Mendes de Barros Saad e o parque Ibirapuera.
Mas a praça permanece cercada, sem liberar o acesso ao parque a partir dela. A área não é visitada pela população.
Segundo Eduardo Jorge, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, em 2005 e neste ano houve plantio de árvores no local para atrair aves e, em breve, a cerca será retirada. "A praça não está abandonada. Não faz sentido derrubar todas as árvores que plantamos para voltar a ter esse acesso."


Texto Anterior: Trânsito: CET suspende contrato de radar com empresas
Próximo Texto: Maioria das pessoas são tortas, diz estudo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.