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Dirigente de hospital deixa cargo após morte de 20 bebês
Ministério Público diz que condições na Santa Casa de Belém (PA) são precárias
Segundo dados do hospital, de janeiro a maio, 121 bebês morreram na UTI, o que representa 44,9% do total de 269 recém-nascidos
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A morte de 20 recém-nascidos na Santa Casa de Belém
desde o último dia 20 causou a
saída do presidente do hospital,
Anselmo Bentes, que entregou
anteontem à noite seu cargo ao
governo do Pará. Com ele, também deverão sair os outros
quatro diretores da instituição.
A gerência interina do hospital, uma autarquia estadual, será feita por Silvia Comaru, chefe de uma comissão multiprofissional instalada há uma semana para levantar as causas
das mortes e propor mudanças.
"Ele [Bentes] já vinha manifestando a vontade de sair", disse a secretária da Saúde do Estado, Laura Rossetti. "Isso é só
mais um problema a ser resolvido." A reportagem ligou ontem para dois telefones de Bentes, mas ninguém atendeu.
A comissão é composta por
cinco médicos e cinco engenheiros está levantando os dados de mortes de crianças na
UTI do hospital nos últimos
cinco anos e os problemas de
infra-estrutura.
Segundo o Ministério Público do Pará, faltam médicos e
equipamentos na maternidade
da Santa Casa, cujas instalações
estão deterioradas, com infiltrações, baratas e ratos.
Dados da própria Santa Casa
mostram que, de janeiro a maio
deste ano, 121 bebês morreram
na UTI, o que representa 44,9%
do total de 269 recém-nascidos
internados no período. No
mesmo intervalo de 2007, a taxa chegou a 55,8%. A secretária
da Saúde diz que as mortes têm
ligação com a falta de atenção
básica à saúde das gestantes.
"Porque 50% dessa população atendida vem do interior do
Estado e não passa por uma
unidade intermediária."
Segundo ela, a secretaria parte do princípio de que as mortes
seriam evitáveis. "Por isso,
[elas são] mais lamentáveis."
Na sala de espera da UTI
neonatal da Santa Casa, a reportagem ouviu ontem mães
que se disseram temerosas pela
saúde dos filhos após divulgação das mortes.
"É muita tensão. Estamos esperando de tudo", afirmou ontem a empregada doméstica
Helle Pantoja, 30, cujo filho,
nascido no dia 17, está com uma
grave infecção. "Ontem ele estava bem, hoje está entubado."
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