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ARAMINTA DE AZEVEDO MERCADANTE (1936-2008)
Brinde à dama do direito internacional
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Como "em Paris se sentia
em casa", naquela tarde fria
de dezembro, com o amigo e
contra a ordem do médico,
Araminta Mercadante pediu
uma garrafa de champanhe.
De todos os almoços no Le
Procope, aquele devia ser especial. "Ficou claro, então,
que era uma despedida."
Dava adeus ao amigo e à cidade que conhecia dos tempos em que se especializou
em direito internacional na
Europa. Assim a advogada de
Jacareí (SP), crescida no Vale do Paraíba, ganhou o mundo com bolsas de estudo. Vinha daí a autonomia para discutir sobre integração regional no Mercosul e os acordos comerciais. "Foi uma das
primeiras pessoas no Brasil a
falar de União Européia."
Prestou consultoria em arbitragem comercial para o governo. Era "a maior especialista em OMC do país".
Lecionou na UnB e então
na USP, onde se aposentou
em 2006, por idade. Pós-doutora em direito internacional, dava aulas em faculdades privadas -não podia
deixar de lecionar. "Mas uma
coisa que a tirava do sério era
a burrice com convicção."
Ex-militante de esquerda,
estava "na primeira fila" das
passeatas de maio de 1968.
Mas "era discretíssima, para
quem tinha um coração revolucionário". Vestida com
um de seus tailleurs pretos e
um colar de pérolas, cabia
em sua "imagem de professora de direito". Solteira e
sem filhos, morreu sábado,
dia 21, de câncer, aos 71. Deixou no prelo outro entre tantos livros-referência na área.
obituario@folhasp.com.br
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