São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008 |
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Rio-Santos tem 4 radares de "mentirinha"
Equipamentos estão na estrada desde janeiro, mas, como não aplicam multas, muitos motoristas não respeitam limite de velocidade
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO DA REPORTAGEM LOCAL O DER, órgão do governo de São Paulo, mantém desde o início do ano quatro radares falsos instalados em um trecho urbano da rodovia Rio-Santos (SP-55) entre as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral norte do Estado. Os radares foram colocados depois de uma reunião entre o prefeito de Caraguatatuba, José Pereira de Aguilar (DEM), e Mauro Arce, secretário de Estado dos Transportes da gestão José Serra (PSDB), no início de dezembro de 2007. Os equipamentos são iguais a radares fotográficos normais, mas não aplicam multas. Na época, a prefeitura chegou a divulgar a instalação dos equipamentos, que eram reivindicados pelos moradores da costa sul de Caraguatatuba, região cortada pela Rio-Santos. A previsão era que começassem a operar no Carnaval. Ontem, a assessoria do prefeito Aguilar disse ter sido informada pelo governo do Estado, na semana passada, de que os aparelhos devem começar a aplicar multas em agosto. Segundo o DER, os aparelhos são somente "pontos de estudo" para futuros radares. O órgão não explicou, porém, qual é a função deles. O DER diz ainda que, no próximo mês, começarão a ser testados radares que serão instalados no local (leia texto nesta página). Cada radar fixo, dependendo do modelo, custa R$ 60 mil, mas os preços variam. Antes da instalação dos equipamentos, os moradores, reunidos em associações de bairro, cobravam medidas para reduzir o número de atropelamentos naquela região. A Prefeitura de Caraguatatuba construiu lombadas; o DER se comprometeu a implantar a fiscalização eletrônica. Passam por aquele trecho, que faz a função de avenida entre as duas cidades, cerca de 9.000 carros por dia, segundo dados do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). A cerca de 500 metros do primeiro aparelho, uma placa informa: "Rodovia controlada por radar". Isso, porém, só é feito pela Polícia Rodoviária do Estado, com aparelhos móveis. No início do ano, o órgão informou à Folha que os equipamentos, regulados para a velocidade máxima de 60 km/h, estariam funcionando a partir do Carnaval, período de forte aumento de tráfego no litoral norte, o que ainda não ocorreu. O diretor da Ditran (Divisão de Trânsito) de Caraguá, Celso Rapacci, disse que, após a inexistência de radares ter sido descoberta, moradores deixaram de respeitar o limite de velocidade no local. "Os turistas e as pessoas de fora obedecem, mas os moradores, não", diz. O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), afirma não considerar irregular o uso de radares falsos, mas diz que, como o fato já é conhecido, o DER já deveria ter substituído os aparelhos. "Não é errado fazer isso por um tempo, porque realmente tem um efeito pedagógico. Ou é falta de recurso ou falta de prioridade de investimentos." O presidente da associação de moradores do Porto Novo, Isaias de Souza Filho, disse já ter tentado, várias vezes, entrar em contato com o DER para cobrar a efetivação dos radares, mas não conseguiu. "No começo, até deu resultado, mas agora todo mundo sabe que nenhum deles funciona. Um engenheiro do DER chegou a me orientar a não dizer nada a ninguém, que eles colocariam pelo menos um para funcionar", diz Souza Filho. Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Outro lado: Departamento de estradas diz que radares são pontos de estudo Índice |
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