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JOSÉ ROBERTO COELHO DA ROCHA (1940-2008)
O nefrologista futebolista de Ipanema
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tatuí abria o sorriso largo
e gostoso ao ganhar no futebol de praia -mas não qualquer praia do Rio de Janeiro.
O sol que tostava as costas
morenas e a areia que gemia
sob os pés, assim que tirava o
jaleco branco e corria para o
posto oito, tinham de ser de
Ipanema. "Lá ele nasceu,
cresceu, viveu e morreu."
O apelido veio de lá. Mas
no jaleco se lia Dr. José Roberto Coelho da Rocha; nefrologista com 30 anos de
medicina, coroados no ano
passado, quando juntou duas
paixões: nefrologia e Rio.
Excitado com o Congresso
Mundial de Nefrologia na cidade natal, pôs-se a enviar
mensagens aos colegas, com
dicas de por que deveriam vir
ao evento. "Ao chegar na Lagoa, ponha óculos escuros,
porque a luminosidade é linda de morrer", dizia.
A residência médica, fez
em Nova York, onde recebeu
propostas de emprego. "Mas
quis voltar para o Rio", diz a
viúva, onde criou o Serviço
de Nefrologia do Hospital da
Beneficência Portuguesa e lá
fez a primeira hemodiálise
em hospital privado no Rio.
Tinha dois filhos, três netos e 67 anos, metade deles
dedicados à medicina renal;
dois como presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que o indicou para o
Prêmio Oswaldo Ramos, em
setembro próximo. Morreu
antes, na terça, de câncer.
Mas as mensagens do congresso sobreviveram e, de tão
inspiradas, viraram um compêndio de crônicas, a ser publicado um dia. Foi batizado
de "O Rio por José Roberto".
obituario@folhasp.com.br
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