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Liminar proíbe raspar cabelos de internos na Fundação Casa de Ribeirão
MICHELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
RIBEIRÃO
Uma liminar da Vara da
Infância e Juventude proíbe
a Fundação Casa (ex-Febem) de raspar os cabelos
dos internos de suas unidades em Ribeirão Preto (313
km de SP). A ação foi iniciativa do defensor público Carlos Eduardo Montes Neto,
que trabalha com adolescentes infratores há um ano. A
fundação tem atualmente
300 internos em Ribeirão.
"Todos os adolescentes
que passam pela fundação
têm a cabeça raspada, o que
cria uma situação constrangedora para os jovens, que ficam marcados."
A ação usa como base o artigo 227 da Constituição Federal e os artigos 15,16 e 17 do
Estatuto da Criança e do
Adolescente, que se referem
à dignidade, à liberdade e ao
direito de o adolescente
manter sua integridade física, psíquica e moral.
O juiz da Vara da Infância
e Juventude, Paulo Gentile,
afirmou que o ato de obrigar
os meninos a rasparem a cabeça é uma violação à dignidade e identifica, na comunidade, os garotos que são internos. Para o promotor da Infância Naul Luiz Felca, a
liminar é adequada.
"É humilhante, e todos os
meninos parecem iguais",
diz Conceição Paganele, presidente da Fundação Amar
(Associação de Mães de Adolescentes em Situação de
Risco). Ela diz que, quando
seu filho entrou na ex-Febem, teve o cabelo raspado.
"Quando um jovem perde a
vaidade, perde a vontade de
continuar a viver."
Segundo a fundação, o corte de cabelo praticado em todas as unidades do Estado é
uma "questão de higiene". Já
o diretor regional do órgão
em Ribeirão, Roberto Damásio, afirmou que a raspagem
só acontece quando os internos pedem. Se descumprir a
decisão, a fundação pode ter
multa diária de 20 salários
mínimos -R$ 8.300.
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