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DANUZA LEÃO
Um castigo justo
Frequentemente me sinto
uma verdadeira idiota, sem
ter opinião sobre certos acontecimentos, esses sobre os quais todo
mundo tem.
Nem sei se o assunto já foi resolvido ou se saiu de moda, mas
nunca consegui saber se era contra ou a favor da demarcação das
terras indígenas. Quanto à reforma tributária, já queimei minhas
pestanas tentando compreender o
problema da Cofins -que, aliás,
pago regularmente-, mas foi
impossível.
Existem temas que basta que se
entenda um pouquinho para poder fazer parte da torcida, contra
ou a favor, quando vão ser votados no Congresso, mas essa reforma tributária, francamente, é
muito para mim. E daqui a pouco
vem a reforma política, com voto
distrital e tudo; será que até lá
terei conseguido entender alguma coisa a mais além da proibição do troca-troca de partidos?
Deus é grande.
Outro assunto sobre o qual não
consigo me posicionar é a liberação das drogas. Apesar de saber
que, se a maconha fosse vendida
no botequim da esquina, pagando impostos e tudo, acabariam os
traficantes e pelo menos a guerra
do tráfico teria fim, mesmo lembrando da Lei Seca, nos EUA,
pensando por outro lado -o dos
nossos adolescentes-, não consigo, simplesmente não consigo saber se a liberação seria melhor ou
não. O mundo está muito complicado para que uma simples
mulher tenha opinião sobre tudo
o que acontece.
Algumas coisas são fáceis: só
um débil mental não percebeu
que a ida de Bush ao Iraque para
servir peru aos soldados foi uma
jogada de marketing primária,
visando apenas as eleições do próximo ano. Só que existem mais
débeis mentais no mundo do que
se pode supor, e a essa altura milhões de americanos do interior
dos EUA estão comovidos com o
gesto do seu presidente, e talvez
por isso ele seja reeleito.
Desde o brutal crime dos adolescentes, a grande discussão é se
a idade penal deve ou não ser diminuída para 16 anos. O cardeal
já se manifestou, o ministro da
Justiça, Hebe Camargo, o rabino
Henri Sobel, Zilda Arns e toda a
comunidade pensante -ou
não- do país. Cada um achou
alguma coisa, menos eu. Se com
16 um assassino poderia ser julgado como adulto, por que não os de
15, já que eles também matam? E
se estivessem faltando dez dias
para chegar à idade permitida
pela lei, aí o criminoso poderia
se safar?
Fiquei tão chocada com esse crime bárbaro quanto o país inteiro,
que de tanto pensar cheguei, enfim, à minha conclusão. Independentemente da idade, de ficar internado três anos na Febem ou 30
anos numa penitenciária, um outro castigo deveria ser dado a esses criminosos, e estou falando especificamente dos estupradores: a
castração pura e simples.
O maníaco do parque, os que
abusaram de Liana e tantos mais
que se vêem nos programas policiais da televisão, todas as tardes,
deveriam ser castrados.
Vai ser difícil que isso aconteça:
por mais que o mundo tenha evoluído, quem faz as leis ainda são
os homens, e neste ponto -sexo- eles são muito solidários.
Duvido que haja algum, um só, a
favor desse castigo.
Nesse caso, pode-se trocar a castração, que não deixa de ser uma
solução civilizada, pela capação,
como se fazia no interior em casos
semelhantes: sem precisar de processo nem nada, pelas mãos dos
próprios parentes das vítimas.
Se isso acontecesse, eu me
sentiria mais vingada -mais
bem vingada- do que com a pena de morte.
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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