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Hospital público de SP terá programa de doação de óvulos
Pérola Byington lança projeto inédito que vai atender a mulheres já cadastradas no local para reprodução assistida
Pacientes acima de 40 anos com dificuldades de ovular receberão óvulos de outras mais jovens que sofrem com outro tipo de infertilidade
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O hospital Pérola Byington,
de São Paulo inicia na próxima
semana um programa de doação de óvulos inédito em hospitais públicos no Estado. Mulheres acima de 40 anos com dificuldades de ovular receberão
óvulos de outras mais jovens
que sofrem com outro tipo de
infertilidade, como trompas
obstruídas durante fertilização
in vitro (FIV).
Nas clínicas privadas, o tratamento -que chega a custar
R$ 20 mil- já é rotina.
O Pérola, um dos únicos do
país a oferecer reprodução assistida totalmente gratuita,
tem hoje uma fila de espera de
1.500 mulheres, das quais 400
acima de 40 anos.
Algumas delas ingressaram
no serviço ainda na faixa dos 30
anos, mas a demora para conseguir o tratamento (que chega
a quatro anos) fez com que as
chances de gravidez com seus
próprios óvulos diminuíssem
muito. Outras mulheres já ingressaram na fila após os 40.
Aos 42 anos, por exemplo,
quase 90% dos óvulos estão inviáveis para reprodução por alterações no processo de divisão
celular, segundo pesquisa do
Centro de Controle de Doenças
dos EUA. Quando um óvulo de
má qualidade é fecundado, há
mais chances de o feto sofrer
um aborto ou de o bebê nascer
com defeitos genéticos.
Chamado de Doação Compartilhada, o programa do Pérola envolverá apenas mulheres já cadastradas no hospital.
Segundo a coordenadora do
projeto, a médica Nilca Donadio, serão localizadas na fila todas as mulheres abaixo de 35
anos que estão dispostas a doar
parte de seus óvulos.
Em um ciclo menstrual normal, a mulher produz um óvulo. Com o tratamento hormonal, as mais jovens costumam
produzir vários deles, suficientes para seu próprio tratamento e o de outra mulher.
Nonadio explica que, a partir
do consentimento da doadora,
a equipe buscará no sistema
pacientes receptoras que possuam a mesma etnia e o mesmo
tipo sangüíneo da doadora.
As duas pacientes passarão,
então, por uma série de exames
com a finalidade de identificar
doenças como HIV, hepatite e
sífilis e problemas genéticos
graves. Ambas serão submetidas a avaliações psicológicas.
No processo, a herança genética do bebê gerado pela receptora será da doadora.
Para Donadio, a principal
vantagem de a mulher doar
parte dos óvulos será a possibilidade de "encurtar" o tempo
de espera da fila. O critério hoje
é cronológico.
O hospital criou ambulatórios específicos para atender às
doadoras e receptoras separadamente. Uma resolução do
Conselho Federal de Medicina
exige anonimato nas doações.
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