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Policial que investigou colegas sofreu ameaça
Caso ocorreu em maio, quando a delegada apurava o desvio de 327,5 kg de cocaína no Denarc, o departamento de narcóticos
Alexandra da Silveira foi afastada da corregedoria após concluir inquérito sobre grupo acusado de usar estrutura da polícia para falsificar CNHs
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A delegada Alexandra de
Agostini Randmer da Silveira,
37, afastada da Corregedoria da
Polícia Civil anteontem pelo
chefe da corporação, Maurício
José Lemos Freire, sofreu
ameaças quando investigava,
em maio, um grupo de policiais
suspeitos de desviar 327,5 kg de
cocaína do Denarc (departamento de narcóticos). Alexandra foi também a responsável
pela investigação da máfia das
CNHs de Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo).
Um inquérito está andamento no 89º DP (Portal do Morumbi) para apurar quem são
os responsáveis pela ameaça,
feita por telefone na residência
da policial, que está há 14 anos
na Polícia Civil, é casada e mãe
de um menino. Ela ficou um
ano e meio na corregedoria.
A ameaça ocorreu quando ela
estava prestes a concluir a investigação na qual os delegados
Roberto Leon Carrel e Luiz
Henrique Mendes de Moraes,
juntamente com os investigadores Ismar José da Cruz, João
Carlos da Silva e Valdir Jacinto
dos Santos, acabaram acusados
pelo Ministério Público de sumir com os 327,5 kg de cocaína.
A delegada ouviu do interlocutor, segundo investigadores
do 89º DP que tentam descobrir quem fez a ligação, que "deveria tomar cuidado com o caso
que estava prestes a esclarecer
[o desaparecimento da cocaína
do Denarc], porque muita gente iria ser prejudicada com isso,
inclusive ela própria".
De acordo com as investigações da delegada, os cinco policiais civis, todos eles no Denarc
à época do sumiço da droga, em
abril de 2003, substituíram os
327,5 kg de cocaína por outra
com grau de pureza menor e,
portanto, com menor valor.
A reportagem não conseguiu
falar com a delegada ontem.
Afastamento
O afastamento da corregedoria anteontem ocorreu cinco
dias após Alexandra ter concluído o inquérito sobre 29 pessoas -nove delas policiais civis,
sendo três delegados- acusadas de integrar a quadrilha que
usava a infra-estrutura da Polícia Civil em Ferraz para falsificar e vender CNHs (carteira
nacional de habilitação).
Segundo o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, ela foi
retirada por "retaliação".
Ao transferir a delegada para
o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), que
coordena os distritos policiais
da capital, o delegado-geral
Freire também fez com 45 investigações desenvolvidas pela
policial sofressem alterações.
Nesses casos, cerca de 80 policiais -dentre eles ao menos 20
delegados- são investigados.
Quando concluiu a apuração
sobre a máfia das CNHs, a delegada pediu a decretação da prisão preventiva de todos os 29
suspeitos. Além de ser contra o
pedido da decretação da prisão
preventiva dos três delegados
acusados, segundo apurou a
Folha, a cúpula da Polícia Civil
não queria que ela solicitasse à
Justiça a quebra dos sigilos fiscal e telefônico dos acusados.
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