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Falta de desejo é o principal problema
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 40% das mulheres têm
alguma disfunção sexual, e a principal delas costuma ser a falta de
desejo. Esse cenário é comum a
várias pesquisas internacionais,
tanto em países como o Brasil
quanto nos EUA e na Europa.
A grande maioria nem sequer
procura ajuda médica, e muitas
evitam até mesmo comentar com
as amigas o problema.
Nem as que sofrem de problemas físicos, como a incontinência
urinária por esforço -perda de
urina ao tossir ou rir, por exemplo-, costumam falar sobre o assunto. "Elas pensam que isso é
normal. Às vezes, aparecem no
consultório por outras queixas e
se espantam quando informamos
que essa perda de urina precisa
ser tratada", afirma a ginecologista Raquel Figueiredo.
Inibição
Um estudo realizado em 2001
entre as pacientes atendidas pelo
Instituto Paulista de Sexualidade
mostrou que 91% das mulheres
que procuraram tratamento para
disfunção sexual "tinham dificuldade de se expressar emocionalmente e de se afirmar".
Na clínica, 37% das queixas femininas têm a ver com inibição
do desejo e outros 23% com falta
de desejo e de orgasmo.
O psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues diz que, dez anos
atrás, 80% das queixas eram a falta de orgasmo. "Não que o quadro tenha mudado, mas hoje elas
estão mais atentas à questão do
desejo", diz Rodrigues.
Por uma questão cultural, a mulher espera que o homem provoque o seu desejo, quando ela deveria erotizar o seu dia-a-dia, diz
Rodrigues. No Instituto Paulista,
a falta de desejo é tratada com sessões de psicoterapia.
"Tuas queixas são as tuas confissões." Essa é uma das frases que
a psicóloga Silvia Cavicchioli utiliza no seu trabalho de terapia sexual com as mulheres.
Segundo ela, quando a mulher
se queixa, por exemplo, de que o
marido não olha mais para ela
com o desejo de antes é porque,
no fundo, ela também não está se
olhando como deveria.
Medicamentos
No Prosex, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas,
disfunção sexual é tratada com terapia e medicamentos.
"O primeiro passo é saber a razão da falta do desejo. Geralmente
há uma depressão escondida por
trás", diz a psiquiatra Carmita
Abdo, que dirige o Prosex. Nesses
casos, são prescritos alguns antidepressivos que não reduzem a libido, como a bupropiona, a mirtazapina e o nefazodone.
Outra causa física pode ser hormonal, também corrigida com
medicamentos.
Sobre os produtos eróticos, Abdo considera válido o uso, desde
que haja um entendimento entre
o casal. "Eles devem ser apenas
coadjuvantes, e não o ponto central da relação", afirma.
(CC E AURELIANO BIANCARELLI)
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