São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011 |
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ANÁLISE Confiança gerada pelo álcool traz problemas à saúde pública ARTHUR GUERRA DE ANDRADE ESPECIAL PARA A FOLHA O Brasil possui uma moderna e rígida lei contra a associação entre uso de bebidas alcoólicas e direção. Na prática, qualquer quantia de qualquer tipo de bebida alcoólica é absolutamente contraindicada quando se está na direção de um carro. A base dessa lei parte da constatação de que a mistura de álcool e direção é perigosa. O risco de acidentes e outras consequências é grande mesmo que muitas pessoas consigam fazer uso social de álcool, dirigirem e não causarem acidentes. O álcool deprime as inibições e prejudica os reflexos, embora a sensação que se tem seja de bem-estar, segurança e otimismo. Essas propriedades do álcool fazem dele um perigoso agente de problemas para a saúde pública. No mundo todo -e aqui também-, o bafômetro é usado para medir o teor de álcool ingerido por motoristas. O aparelho é capaz de comprovar, em segundos, a dosagem de álcool que existe no ar expirado pelos pulmões do motorista testado. O paradoxo ocorre quando, no mesmo país, a lei oferece a brecha de que "você não é obrigado a produzir prova contra si". Ou seja, o motorista, hoje, não é obrigado a soprar o bafômetro. Nesse cenário de impunidade, temperado com hábeis e eficientes advogados de defesa, tem-se visto, cada vez mais, motoristas embriagados na direção de potentes veículos customizados para velozes estradas europeias. Eles bebem e dirigem de forma acintosa. Por acreditarem na impunidade, unem álcool e direção -um ato, algumas vezes, assassino. O Congresso, de forma tímida e, certas vezes, romântica, se dispõe a discutir o assunto, mas como se o tema não fosse urgente. E ele o é. O Brasil tem uma oportunidade única: colocar, de forma absolutamente exemplar, o interesse da maioria à frente de interesses pessoais. Para tanto, a sociedade precisa se mobilizar de forma eficiente. Não adianta os governantes administrarem esse problema como se fosse um motorista que tivesse tomado apenas uma dose de álcool. Nesse caso, o rigor e a intolerância estão a serviço da enorme maioria. ARTHUR GUERRA DE ANDRADE é presidente do Centro de Informações de Saúde e Álcool Texto Anterior: Maioria diz que se negaria a soprar em blitz Próximo Texto: Bichos - Jaime Spitzcovsky: Entre latidos e chororô Índice | Comunicar Erros |
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