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Congonhas poderá ter mais voos comerciais
Governo quer transferir espaços de jatos executivos para empresas da aviação regular, que ganharia 4 voos a mais por hora
Crescimento de 13% em pousos e decolagens de grandes companhias tende a aumentar o número de passageiros
O governo quer ampliar a quantidade de voos comerciais regulares no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, em até 13% --ou até quatro a mais por hora. A proposta deve elevar o número de passageiros do aeroporto.
Hoje há autorização em Congonhas para 30 voos por hora da chamada aviação comercial (de grandes empresas como TAM e Gol) e quatro para a aviação geral (como jatos executivos e táxis aéreos).
O Executivo estuda como passar esses quatro "slots" (espaços para pousos e decolagens) dos jatinhos para grandes companhias aéreas.
A mudança, segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff, permitiria que Congonhas atendesse mais usuários. Isso não significa vetar os jatinhos de pousar, mas só eliminar os horários programados para eles.
O governo avalia, porém, que a quantidade de voos por hora, considerando todos os tipos, não deve subir.
O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, encomendou estudo detalhado ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Terceiro mais movimentado aeroporto do país, Congonhas só fica atrás de Cumbica (Guarulhos) e Galeão (Rio).
Se todos os voos forem ocupados pela aviação regular, a medida pode levar 1,5 milhão de passageiros a mais por ano a Congonhas (cálculo a partir da ocupação média e do tamanho da menor das aeronaves).
Caso a medida seja implantada, Azul e Avianca tendem a ser mais beneficiadas devido à estratégia do governo de aumentar a competição. Hoje, TAM e Gol detêm mais de 80% dos voos em Congonhas.
A Secretaria de Aviação Civil pretende estimular a concorrência, reduzir preços e promover a aviação regional.
A proposta de redução do fluxo de jatinhos foi apresentada pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas em resposta a um projeto da Anac de tornar mais duras as regras de pontualidade em Congonhas, que prevê redistribuir as autorizações quando houver descumprimento.
A restrição de 34 operações por hora em Congonhas foi imposta após um Airbus da TAM atravessar a pista em 2007, matando 199 pessoas. A justificativa do governo era melhorar a segurança.
Além de mais passageiros, com reflexo em serviços como a fila do táxi, vizinhos questionam a possível piora do barulho devido à troca de jatinhos por aviões maiores.
"Será um terror", diz Rosângela Lurbe, presidente da associação de moradores de Moema, que já tentou na Justiça, sem sucesso, restringir voos em Congonhas.