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Haddad anuncia 80% de aumento para servidores
Piso do funcionalismo subirá de R$ 630 a R$ 1.132; 60 mil serão beneficiados
Prefeito precisa de aval da Câmara, onde tem maioria; reajuste vai custar R$ 400 milhões por ano, diz sindicato
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou ontem, durante as festividades do Dia do Trabalho, aumento de 80% do piso salarial dos servidores --subirá de R$ 630 para R$ 1.132.
O anúncio integra um conjunto de reajustes que atinge cerca de 60 mil servidores, entre ativos e aposentados, a maioria de cargos de nível básico (ensino fundamental). Os beneficiados são 30% dos cerca de 200 mil funcionários (incluindo aposentados).
A proposta, que será retroativa a maio, terá que ser aprovada pela Câmara, onde Haddad tem maioria. Ela vai na contramão das medidas de contenção de gastos tomadas pelo prefeito nos dois primeiros meses do ano, como o congelamento de R$ 5,2 bilhões do Orçamento.
A gestão Haddad não informou ontem o impacto da medida no Orçamento da cidade. Segundo o Sindsep-SP, que representa os servidores municipais, o custo anual dos reajustes ficará em torno de R$ 400 milhões, o que representa quase 1% dos R$ 42 bilhões da previsão de gastos da prefeitura para este ano.
Com capacidade de investimento limitada, Haddad atrela o cumprimento do plano de metas à renegociação da dívida do município com a União, na casa dos R$ 50 bilhões, e reivindica a troca do indexador da dívida, o que depende de uma lei a ser aprovada no Congresso.
"O salário [das categorias beneficiadas] estava muito defasado. Fizemos as contas das perdas acumuladas durante oito anos. Estamos recuperando as perdas e dando aumento real aos trabalhadores", disse Haddad.
COVEIROS
Pela proposta da prefeitura, se o salário-base não alcançar o novo piso, os servidores terão gratificações complementares. Além disso, o salário-base de algumas categorias será reajustado de R$ 440 para R$ 755, o mínimo por lei no Estado.
Entre os beneficiados, estão os coveiros, que protagonizaram uma das maiores greves enfrentadas pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Em 2011, a paralisação dos agentes funerários afetou a remoção de corpos para velórios e atrasou enterros.