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Sistema antineblina de Cumbica servirá só para 30% dos voos
Equipamento estimado em R$ 9 milhões começa a funcionar no inverno, mas empresas resistem ao uso
Empresas nacionais, que respondem por 70% das operações, não estão credenciadas para utilizar o mecanismo
Ao custo de R$ 8,9 milhões, o sistema antinevoeiro prestes a entrar em operação no aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), atenderá a minoria dos voos e será usado raramente --pouco mais de um dia a cada ano.
Chamado de "ILS (sistema de pouso por instrumentos, na sigla em inglês) categoria 3a", o equipamento estará em funcionamento neste inverno, disse a Infraero, estatal que o comprou e o instalou.
A maioria dos passageiros que usa Cumbica não será beneficiada pelo equipamento.
Isso porque usar o antinevoeiro requer que as companhias aéreas tenham aviões certificados e pilotos treinados --o que TAM, Gol, Azul e Avianca Brasil não têm.
Elas são responsáveis por 70% dos voos no aeroporto.
Assim, quando houver nevoeiro em Cumbica, o que deve ocorrer principalmente no mês que vem, os voos dessas empresas terão que ser desviados para outros lugares.
A justificativa das empresas é o custo: treinar pilotos para o ILS 3 é caro e exige treinamento contínuo.
Em Cumbica, que fecha cerca de 40 horas (0,4% do ano) ao ano por causa da neblina, o investimento não compensa, diz Ronaldo Jenkins, diretor da Abear, associação que reúne TAM, Gol, Azul e Avianca.
As maiores companhias, diz ele, são habilitadas para o ILS 2, na qual os pousos ocorrem com visibilidade horizontal mínima de 350 m e permitem operar na maior parte do ano em Cumbica.
O novo equipamento do aeroporto permite ao avião pousar com visibilidade de 175 m à frente, mesmo sem o piloto enxergar o chão.
ESTRANGEIRAS
Serão beneficiadas as companhias aéreas americanas e europeias, que, por atuar em condições climáticas adversas em seus países de origem, são certificadas para usar o equipamento. A alemã Lufthansa, por exemplo, afirmou que está apta a fazê-lo.
Na Europa e nos Estados Unidos está em discussão a adoção de outras tecnologias como alternativa ao ILS 3, considerado caro, com o uso de satélites para ajudar o avião a pousar, em vez de aparelhos no solo.
As companhias brasileiras são favoráveis a essas opções, disse Ronaldo Jenkins.
A Anac informou que os requisitos para o sistema antinevoeiro funcionar ainda não foram cumpridos integralmente para liberar o seu uso.
A implantação atrasou: a própria Infraero previa que ela ocorresse em dezembro de 2011, um ano e meio atrás.