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Documentarista Eduardo Coutinho é assassinado no Rio; filho é suspeito

Autor de 'Edifício Master', cineasta foi esfaqueado durante surto psicótico do filho, diz polícia

Mulher do diretor também foi atacada e seu estado é grave; filho sofre de esquizofrenia, segundo vizinhos

BRUNA FANTI BRUNO CALIXTO COLABORAÇÃO PARA A *FOLHA*, DO RIO

Um dos mais importantes documentaristas brasileiros, autor de "Cabra Marcado para Morrer" e "Edifício Master", o cineasta Eduardo Coutinho, 80, foi assassinado a facadas ontem no Rio. Sua mulher, Maria das Dores Oliveira Coutinho, 62, também foi ferida gravemente.

O filho Daniel Coutinho, 41, é o principal suspeito, diz a polícia, que o indiciou sob suspeita de homicídio e tentativa de homicídio. Segundo vizinhos, ele morava com os pais e sofria de esquizofrenia.

O crime aconteceu pouco antes do meio-dia, dentro do apartamento da família no bairro da Lagoa, na zona sul.

O delegado-chefe da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, disse que o caso é "uma expressão genuína da palavra tragédia", causada por um surto psicótico.

Segundo o policial, Daniel esfaqueou primeiro o pai, atacou a mãe e, depois, teria tentado se matar. Mesmo ferida, a mulher conseguiu se trancar no banheiro e ligar para outro filho do casal.

Barbosa disse que Daniel saiu correndo, já ferido, pelo prédio, aos gritos: "Libertei meu pai e tentei libertar minha mãe e eu. Tentando me furei duas vezes e nada acontece". Depois, voltou para casa.

Maria das Dores e Daniel foram levados por bombeiros, chamados por vizinhos, para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul.

Alvo de cinco facadas (duas no peito e três no abdome), ela teve uma lesão no fígado e passou por cirurgia. Até a conclusão desta edição, seu estado era grave. Atingido duas vezes no abdome, ele foi operado e seu quadro era estável.

O corpo de Coutinho passou no IML por exames que constataram a morte por objeto perfuro-cortante. O enterro será hoje, às 16h, no cemitério São João Batista, no Rio.

CARREIRA

Natural de São Paulo, Coutinho era um dos maiores documentaristas do país. Além de "Cabra..." (1985) e "Edifício Master" (2002), estão entre suas obras de maior destaque "Jogo de Cena" (2007) e "Babilônia 2000" (1999).

Ao todo, lançou 22 filmes.

Em 2007, o cineasta ganhou um Kikito pelo conjunto da obra no Festival de Gramado. Seu trabalho caracteriza-se pela sensibilidade em retratar pessoas comuns.

Teve seu primeiro contato com cinema em 1954, aos 21 anos, num seminário promovido pelo Masp. Trabalhou como revisor na revista "Visão", dirigiu peça infantil e especializou-se em roteiro. De 1975 a 1984, trabalhou no programa "Globo Repórter".

Grande homenageado da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2013, renegou, em entrevista à Folha em outubro, o cinema como "instrumento político de intervenção no que o público pensa ou deveria pensar".

"O filme militante é uma tragédia porque já está escrito antes. Convencer o já convencido é terrível, fazer um filme para convencer alguém é terrível", disse.


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