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Madrasta de Bernardo diz que morte foi 'acidental'
Advogado da mulher afirma que ela isentou pai do menino da morte
Laudo preliminar mostra que garoto foi sedado; pai e amiga do casal são transferidos de prisão por segurança
Presa sob suspeita de envolvimento na morte de Bernardo Boldrini, 11, a madrasta do menino, Graciele Ugolini, afirmou em depoimento ontem que a morte ocorreu de forma "acidental".
Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a madrasta, que é enfermeira, disse ter dado remédios para acalmar o garoto, que estava "agitado". Em seguida, segundo seu relato, ela viu que Bernardo não apresentava reações.
É a primeira vez que a versão da madrasta sobre o crime é divulgada. Até então, a defesa afirmava que ela não havia comentado o caso.
Graciele prestou depoimento ontem de manhã na Penitenciária Modulada de Ijuí, onde está presa.
Na ocasião, ela também isentou o marido, Leandro Boldrini, pai do garoto, de envolvimento na morte de Bernardo. A informação foi dada pelo advogado da madrasta, Vanderlei Pompeo de Mattos, ao jornal "Zero Hora".
"Ela isentou o esposo. Explicou para mim, depois, que ele não tem nada a ver com a situação", afirmou o advogado da enfermeira em entrevista ao "Zero Hora".
"Ela foi fazer negócios em Frederico [Westphalen], não tinha o propósito macabro, vamos dizer assim", disse o defensor. A Folha tentou, mas não conseguiu contatá-lo.
Além da madrasta, o pai de Bernardo e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, estão presos sob suspeita de participação na morte do garoto.
Os dois foram transferidos na madrugada de ontem para outros presídios do Estado. A medida foi determinada pela Justiça gaúcha por razões de segurança. Graciele também deve ser transferida, mas não há previsão de data.
SEDATIVO
Ontem, a polícia divulgou resultado de uma perícia que revela a presença de um sedativo no corpo de Bernardo. De acordo com o laudo preliminar feito pelo IGP-RS (Instituto Geral de Perícia), foi detectado o medicamento Midazolam no corpo do garoto.
Bernardo foi encontrado no último dia 14, enterrado numa cova rasa num matagal no município de Frederico Westphalen, a 447 km de Porto Alegre e a 80 km de Três Passos, onde ele morava.
"Temos que esperar [outros laudos] para ver se havia outra substância ou a exata quantidade que havia no corpo", afirmou a delegada Caroline Machado, responsável pelas investigações do crime.
De acordo com Machado, mais de cem pessoas já foram ouvidas na investigação. A previsão, segundo a polícia, é que o inquérito seja encerrado nos próximos dias.