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Primeira a adotar cotas, UnB expande sistema para a pós
Mestrado e doutorado em sociologia e antropologia terão vagas para cotistas
Cursos terão 20% de vagas reservadas; em 2016, cota na graduação da federal de Brasília irá aumentar para 33%
Dez anos após adotar cotas raciais em seu processo seletivo, a UnB (Universidade de Brasília) vai expandir essa política de reserva de vagas também para a pós-graduação.
Já neste ano, os departamentos de sociologia e antropologia terão 20% das vagas para estudantes pretos e pardos --de acordo com classificação da universidade-- que tentarem o ingresso no mestrado e no doutorado. Haverá ainda uma cadeira para candidato indígena.
Esses alunos terão prioridade para bolsas de estudo.
A partir de 2016, a instituição aumenta para 33% as vagas na graduação reservadas a candidatos com esse perfil --atualmente, são 19%.
"É uma politica para compensar uma longa exclusão. O Brasil tem um passivo de racismo para resolver e, por isso, tem que ter cotas raciais", afirma José Jorge de Carvalho, professor de Antropologia e autor da proposta.
A UnB foi a primeira federal do país a adotar o sistema de cotas. A turma inaugural entrou em 2004.
Desde então, a instituição foi alvo de polêmicas, inclusive com questionamento das cotas no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em 2007, houve o episódio de dois irmãos gêmeos inscritos pelo sistema --um deles foi considerado negro após análise da imagem; o outro, não. No ano seguinte, a fotografia foi substituída por uma entrevista com uma banca.
Há dois meses, a instituição decidiu diminuir a sua política própria de cota racial de 20%, como definido em 2004, para 5%.
A redução foi aprovada porque a lei federal de cotas, de 2012, acabou aumentando as vagas destinadas a pretos e pardos na UnB.
A lei reserva 50% das cadeiras de todas as universidades federais a alunos da rede pública. A partir desse recorte, as vagas devem ser preenchidas de acordo com os percentuais de pretos, pardos e indígenas em cada Estado, segundo o Censo de 2010 do IBGE.
Assim, considerando o perfil da população do Distrito Federal, a proporção de cotas para pretos e pardos na UnB, hoje em 19%, chegará a pouco mais de um terço em 2016, data final para implantar a lei federal.
BALANÇO
Em estudo recente sobre o sistema de cotas, a UnB fez um balanço positivo.
Não foi identificada diferença expressiva entre as notas de formandos cotistas e não cotistas.
"Quebramos alguns mitos que existiam no início. Nos dois primeiros anos, havia uma diferença [das notas], mas ela deixou de ser significativa depois disso", afirma Mauro Rabelo, decano de ensino de graduação.
Uma explicação para esse fenômeno, segundo Rabelo, é o estímulo aos alunos que ainda estão na educação básica. A tese é que, ao ver uma chance real de ingresso na universidade, o estudante passa a se dedicar mais.
Para o decano, hoje há uma "pressão natural" para que tal política se reproduza também na pós-graduação.